Grão-Ducado do Luxemburgo, sede da União Europeia, quer Estado de Mato Grosso do Sul como parceiro em negócios

Quando fazia flutuação na cidade de Bonito, na semana que passou, o cônsul  honorário do Grão-Ducado do Luxemburgo, na Europa Ocidental e sede da União Europeia, juntamente com Bruxelas (Bélgica), André Veloso Fontenelle Bezerril  não teve dúvidas de que estava no caminho certo para ser parceiro de negócios – nas mais diversas áreas – de Mato Grosso do Sul. “Fiquei maravilhado com as belezas naturais que vi”, disse ele sobre o município sul-mato-grossense conhecido internacionalmente justamente por essas características. Ao momento de lazer contemplativo vieram aos pensamentos as audiências que manteve com o governador Reinaldo Azambuja e o prefeito  de Campo Grande, Marcos  Trad, além de outras autoridades do Executivo e Legislativo,  para discutir futuros negócios envolvendo o poder público e também a iniciativa privada.

 

Acompanhado de sua esposa, a campo-grandense  Amanda Compagnani ,  ele disse que se sentiu em casa e por uma grande coincidência, o guia turístico que atendeu o casal é Pierre que está em processo de naturalização luxemburguesa. “Foi muito divertido; fiz amizade, troquei informações com ele. me dispus auxiliá-lo no processo. Ele quer ter o nome luxemburgues também, é por parte de mãe dele, se não me engano”.

 

Com relação ao turismo, o cônsul honorário disse que conversou com o governador e o prefeito. Ele também é diretor executivo da Câmara de Comércio do Brasil em Luxemburgo (CC BRALUX) “Conversamos sobre industria e sobre turismo. O turismo na verdade foi uma iniciativa que nós tinhamos em pauta desde o inicio da Câmara. Existem outras Câmaras de Comércio em Luxemburgo que exercem essa função de  representação  turistica de forma muito eficiente e  interessante. A do Peru se destaca. Tenho uma forte amizade com os diretores da Camara de Comércio  do Peru e queríamos também participar porque o Brasil é um país espetacular em termos turisticos também”.

 

Ele faz questão de ressaltar que foi a esposa Amanda que  colocou Mato Grosso do Sul na pauta do turismo brasileiro. “E com toda razão por que  eu que não tinha conhecido Bonito ainda e fiquei impressionadíssimo com aquilo e mais impressionado ainda com o fato das poucas coisas que eu vi.  Eu vi as principais: a gruta da Lagoa Azul, cachoeiras , o Rio Formoso onde fizemos flutuação. Foi maravilhoso. Vi a nascente do rio. É de tirar o folego a experiência”, afirma.

 

Entusiasmado, o cônsul honorário não esconde sua admiração ao lembrar os momentos em sua passagem por Bonito. “Fiquei super encantado e o que mais me marcou foi que, depois que eu saí de lá e ter conversado com os guias, por sinal  guias muito capazes, todos com formação superior, muito intelectuais e com capacidade acadêmica impressionante, me educaram bastante sobre a regiao, saí de lá com a informação de que existem muito mais  locais como aqueles que eu vi  e oportunidades para turismo. São estimadas mais de 400 grutas , centenas de cachoeiras, enfim, é um pequeno paraíso, e muito representativo do Brasil”.

 

André destaca o fato de que a região tem tem todo o tipo de vegetação, como mata atlântica, cerrado, fauna e flora extensa “uma coisa mais natureza brasileira,  tropical, florestal.  É diferente daquela experiência que nós temos  pela maior parte do exterior que é praia. Porque, por mais que o Brasil tenha praias espetaculares, muitos  outros países também têm  praias; já esta experiência que eu tive em Bonito é unica  no Brasil. Então, tem um valor especial agregado pra mim e isso  a firmou ainda mais a nossa decisão de representar  Mato Grosso do Sul no exterior”.

 

Luxemburgo (Foto: Site oficial)

 

Na prática, ela indica que o turismo brasileiro pode ser evidenciado em três eventos principais no Grão-Ducado. Um deles é o Festival de Turismo em Luxemburgo que acontece sempre em janeiro e reúne ao menos 35 mil pessoas, durante três dias. “Conversei com o prefeito de Bonito, Odilson Arruda  Soares, ele se disponibilizou a participar e mostrou grande interesse    o que me felicitou muito. Eu fiquei a disposição dele. Nós vamos trocar as informações. Estou em contato com o secretário de turismo, Augusto Mariano, e esse seria o evento principal”.

 

Outro foco de divulgação seria o Festival da Cultura , Imigração e Cidadania que é  realizado no mês de março e também  recebe mais de 30 mil visitantes num período de três dias . Há  ainda o Festival Internacional onde  se limita a uma representação por país e temos a possibilidade também  de conseguirmos a representação do Brasil lá”.

 

Quem é André Veloso Fontenelle Bezerril

Fausto Brites (E) entrevista André Veloso Fontenelle Bezerril (Foto: Eli Brites)

“Eu sou nascido em Nova York, filho de paulista e mineira e vivi no Brasil, em São Paulo, dos três aos 12 anos de idade. Meu pai foi transferido para Luxemburgo pelo Joseh Safra. Ele era tesoureiro do Banco Safra. E foi assim que nós fomos parar lá em 1991. Meu pai em 90 e nós em 91. Fiquei em Luxemburgo. Meu pai mudou do Safra para o Itaú, abriu o Itaú Europa, foi sediado em Luxemburgo por muitos anos, hoje está na Suíça e nós fomos educados lá e criados lá .

A segunda parte da minha criação foi lá. Eu  me formei e fui estudar em Londres onde fiz  faculdade, MBA, etc e tal. e voltei para trabalhar no setor bancário de Luxemburgo. Trabalhei para vários bancos americanos. Comecei no setor de  fundo de investimentos e me aprimorei na área de tributação regulamentar de fundos de investimentos onde fui responsável no Fidelity Investments, que é o sétimo maior investidor privado  do mundo, empresa americana. Depois fui convidado para ser consultor, é o que eu faço hoje, sou consultor do Banco Real do Canadá, na mesma área. 

Em 2016 durante percurso, eu ainda estava no Fidelity, fui abordado e, na verdade tive a oportunidade de postular para cônsul na área do Brasil com o consulado de Bruxelas. O Luxemburgo não tem representação consular nem diplomática. quem tem jurisdição sobre Luxemburgo é o braço diplomático da Bélgica. Então,  historicamente, todos os cônsules foram luxemburgueses e eu fui   motivo diferencial de ser luxemburguês e brasileiro, ter as três nacionalidades: eu sou americano, luxemburguês e brasileiro. Tive diálogos extensos com o então embaixador Antonino Marques Porto e chegamos a conclusão que eu seria o melhor candidato por ter esse interesse mais aprimorado e ser brasileiro. Também me empenhei muito no trabalho social e o econômico veio em seguida. Então, em 2016 ele me nomeou como cônsul honorário do Brasil  em Luxemburgo. Sou a representação física do governo brasileiro e da população no Luxemburgo. A única. 

Eu fiz de 2016 a 2017 toda a estrutura social; eu faço com apoio da minha esposa Amanda Campagnani. Ela é campo-grandense e sempre me apoiou nesta iniciativa consular. Ela faz todo o trabalho de documentação dos brasileiros lá, comigo. Hoje em dia  ela mesma toca essa parte. Eu estabeleci locais, sem custo para embaixada e nos encarregamos de exercer esse trabalho de suporte a  comunidade. Também fiz uma coisa inusitada que foi  abrir canais pelas redes sociais para que o povo pudesse entrar contato comigo.  Então a diáspora brasileira tem acesso direto a mim pelo messenger. Todas as redes sociais eu tenho canais. Como cônsul honorário eu abri páginas e respondo mensagens. Tenho  dois e-mails onde as pessoas  têm acesso a mim. É um trabalho bastante diferente porque cônsules em geral, especialmente os honorários, também os cônsules gerais que são não tão acessíveis acabam gerando barreiras; então é difícil a pessoa física ter o contato direto com o  cônsul. Eu faço um trabalho bem extenso nesta área. 

Depois de 2017 eu consegui colocar foco no setor econômico e para  fazer isso, de forma adequada, eu criei a Câmara do Comércio do Brasil no Luxemburgo, que não havia. Sou fundador e diretor executivo, foi a estrutura jurídica e de governança que eu escolhi. Tenho sete diretores.  Não quis colocar a estrutura clássica de presidente, vice-presidente, secretário, tesoureiro e etc e tal, porque eu acho um pouco arcaica, é a minha opinião, porque eu acho que a estrutura de governança plana ela é mais produtiva.

Eu, obviamente, sou diretor executivo, eles são diretores de áreas, de setores diferentes, mas eu trabalho com eles em todos os projetos.  Então  eu acho que isso foi um motivador muito grande, porque a equipe trabalha em sinergia completa. Somos amigos, somos muito parceiros e  nos apoiamos profundamente. Em 2018 foi o primeiro ano. Estamos no segundo ano. No primeiro ano nós já conseguimos participar de eventos, festivais nacionais; criar eventos próprios e também agregar 50 empresas membros à câmara. Dentre essas empresas nós temos grandes escritórios de advocacia de Luxemburgo, grande fiduciárias , pequenos e médios empreendedores e várias empresas de todas as áreas. Uma diversidade bem interessante. 

Nós somos, por sinal, uma estrutura  jurídica de   ONG (Organização Não-Governamental), associação sem fins lucrativos. Estamos começando pelo Estado que tem a  maior interação com a nossa câmara hoje que é o Paraná. Nós estamos abrindo, no dia 15 de julho, a nossa primeira sede da  CCBRALUX, que é a nossa sigla que escolhemos  para a Câmara de Comércio do Brasil no Luxemburgo. A primeira sede brasileira da CCBRALUX vai ser aberta em forma de associação também sem fins lucrativos, em Curitiba”.

 

Maciço florestal em Mato Grosso do Sul (Foto: Arquivo)

Celulose pode ser atração de investidores

 

Na audiência com o governador Reinaldo Azambuja no último dia 4, o cônsul honorário André Veloso Fontenelle Bezerril disse que conversou sobre a interação econômica do Luxemburgo com o Brasil. “O que eu ando ilustrando a respeito de Luxemburgo, que é bastante interessante para o Brasil em geral, é que o nosso país é, hoje, o nono maior investidor externo no Brasil por conta própria. Isso é: investimento direto do Luxemburgo, de empresas e pessoas físicas luxemburguesas”.

 

André afirma que Luxemburgo também é terceiro ou segundo – as estatísticas variam -, maior investidor externo no Brasil por empresas holdings e com várias formas de estruturas legais sediadas naquele Grão-Ducado e que investem no Brasil com fontes de capital de diversas localizações do mundo. “Então, de fato, o Brasil tem um vinculo muito forte econômico com Luxemburgo. Historicamente, o setor metalúrgico foi o carro chefe da economia luxemburguesa, que criou o vinculo inicial com o Brasil através da antiga Belgo-Mineira”, explicou.

 

Nos encontros com o governador o cônsul disse que trataram, segundo ele, da magnitude da indústria de celulose em Mato Grosso do Sul. “É um poder, maior do mundo e tem, certamente. um potencial muito grande de interesse por parte dos investidores luxemburgueses. É uma questão de fazer o trabalho que eu faço pela Câmara do Comércio Brasil-Luxemburgo, a CC BRALUX”. De acordo com o Governo do Estado, o saldo acumulado na balança comercial de Mato Grosso do Sul no primeiro semestre deste ano foi de US$ 537 milhões. A expansão da celulose no período foi de 38,58%, representando cerca de 47% das exportações estaduais.
A Câmara será registrada e lançada no dia 15 de julho em Curitiba (PR). Outros estados na rota da CC BRALUX : Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais.

 

Bairro de Luxemburgo: Muitos brasileiros querem recuperar nacionalidade para morar no Grão-Ducado (Foto: Site Oficial)

 

 

Estimativa é de 50 mil descendentes no Brasil

A estimativa é que no Brasil existam aproximadamente 50 mil descendentes de luxemburgueses, segundo o cônsul honorário. Segundo ele, legislação de 2009 – e que durou 10 anos – facilitou o processo de recuperação da nacionalidade. O prazo expirou no fim de 2018. A população do Luxemburgo é de pouco mais de 613 mil pessoas e há uma estimativa de que 7 mil – nesse processo de recuperação de nacionalidade – já requereram passaporte. “Lembrando que são brasileiros com direitos de voto não só estadual mas também federal, porque no Luxemburgo o imigrante que tem mais de cinco anos de residência tem direito ao voto nas eleições regionais”, explica

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