Com programa de captação de voos, Mato Grosso do Sul interliga Três Lagoas a Campo Grande e São Paulo

Mato Grosso do Sul está atraindo novas empresas aéreas, superando um dos gargalos para o desenvolvimento do turismo, que é a logística, com o programa de captação de voos criado pelo Governo do Estado. Esta semana, a Voepass Linhas Aéreas (antiga Passaredo), que retomou os voos entre Dourados e Congonhas (SP), em outubro de 2019, reativou suas operações em Três Lagoas, integrando importante região econômica.

 

O programa de captação de voos regulares – o Decola MS – é uma estratégia da Fundação de Turismo (Fundtur/MS) para ampliar a frequência de conexões com os principais centros emissores de turistas do Brasil. O Decola MS, criado por decreto assinado pelo governador Reinaldo Azambuja, incentiva a ampliação de voos e tarifas menores com benefícios fiscais (redução da alíquota de combustível). Novos voos estão sendo negociados.

 

“Essa captação é uma das principais estratégias para o fomento do turismo de Mato Grosso do Sul, pois coloca o estado mais perto de grandes destinos brasileiros”, afirmou o diretor-presidente da Fundtur/MS, Brunoi Wendling. Além do incentivo fiscal, o Estado, por meio da fundação, desenvolve estratégias de promoção dos atrativos de Mato Grosso do Sul, em conjunto com as empresas aéreas, nos estados emissores de turistas.

 

Voos internacionais

 

A negociação com as companhias, segundo Wendling, é feita com base em pesquisas de fluxos de turistas para criar rotas competitivas e a atração de mais de uma empresa, cuja competitividade reduz o preço das passagens. “A facilidade do acesso internamente reflete automaticamente no aumento do fluxo de turistas. Já avançamos muito, estamos buscando viabilizar inclusive voos internacionais, mas é um gargalo ainda”, disse o titular da Fundtur.

 

Bruno Wendling: aumento do fluxo é automático com melhorias dos acessos

Nesta quinta-feira (13.2), a Voepass Linhas Aéreas, com sede em Ribeirão Preto (SP), anunciou a expansão de suas operações em Mato Grosso do Sul com novos voos ligando Três Lagoas (TJL) ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e também à capital Campo Grande (CGR). As novas rotas iniciam em 29 de março. A companhia declarou que a parceria com o Governo do Estado foi decisiva para esse retorno a Três Lagoas, após dois anos.

 

Segundo José Luiz Felício Filho, presidente da empresa, a contrapartida do Estado foi fundamental para a escolha do novo e estratégico destino. “Seremos a primeira empresa aérea a operar voos ligando Três Lagoas à capital Campo Grande, e também ligando a cidade ao Aeroporto de Congonhas — diretamente no coração do centro econômico do Brasil”, afirmou o executivo da companhia.

 

O diretor executivo Eduardo Busch explicou que a Voepass retorna a Três Lagoas com um serviço diferente e mais eficiente, com horários nobres e destinos diretos. Além de atender Três Lagoas, as operações criam também mais uma opção de ligação de Campo Grande com São Paulo — Aeroporto de Congonhas. Os voos serão operados por aeronaves ATR72, com capacidade para 70 passageiros.

 

Tarifas promocionais

 

Com voos diários, as operações cumprirão os seguintes horários: de Três Lagoas para Congonhas as saídas serão diárias de segunda a sábado, decolando às 9h da manhã com chegada em São Paulo às 10h55min; para o retorno, a decolagem de Congonhas é às 18h com pouso em Três Lagoas às 19h50min.

 

Já de Campo Grande para Três Lagoas, as saídas serão diárias de segunda a sábado: decolando da capital sul mato-grossense às 7h30min chegando a Três Lagoas as 8h30min, com retorno decolando de Três Lagoas as 20h15min com chegada a Campo Grande às 21h15min.

 

De Campo Grande para Três Lagoas e Congonhas as saídas são de segunda a sábado às 7h30min, com chegada às 8h30min em TJL e em Congonhas às 10h55min. O retorno de São Paulo tem saída às 18h, chegando a Três Lagoas 19h50min e em Campo Grande às 21h15min.

 

Para o lançamento dos voos, a Voepass oferece tarifas promocionais nos trechos diretos a partir de R$ 99,00 entre Três Lagoas e Campo Grande, e R$149,00 entre Três Lagoas e Congonhas.

Brasil estuda construir usina binacional com Bolívia; diretor de Itaipu disse que obra seria feita no Rio Mamoré

O Brasil estuda construir uma usina hidrelétrica binacional com a Bolívia. O projeto seria no Rio Mamoré, acima do município de Guajará-Mirim (RO), contando com experiência e investimentos de Itaipu. A possibilidade foi comentada nesta sexta-feira (14) pelo diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, durante solenidade de comemoração da geração recorde de 2,7 bilhões de megaWatts/hora (MW/h) produzidos desde o início de sua operação, em 1984.

 

“Ela [a nova usina] vai ser necessária. Itaipu pode servir de referência, inclusive de relações [internacionais], que é uma construção de longo prazo. Itaipu pode ajudar muito se for tomada essa decisão. A previsão é que sejam duas hidrelétricas, de 5 mil MW a 6 mil MW [no total]. O Brasil precisa de energia segura. A engenharia diplomática para fazer uma construção dessas não é pequena. É tão complexa quanto é a engenharia para fazer a obra”, disse Silva e Luna.

 

Em termos de comparação, Itaipu tem potência de 14 mil MW. Segundo o general, Itaipu poderia ser o agente brasileiro na futura usina binacional com a Bolívia. “Se houver isso aí, Itaipu tem muito a contribuir. Na hora em que for decidido, estamos prontos. A programação financeira seria a parte menos complexa a se fazer. Havendo essa demanda, Itaipu está em condições de se debruçar sobre essa hipótese. A interconexão energética do continente é irreversível. É questão de tempo”, disse Silva e Luna.

 

Dentro de três anos, Itaipu terá quitada a dívida para a construção da usina, o que vai liberar cerca de US$ 2 bilhões por ano, metade para o Paraguai e metade para o Brasil, que passará a contar com US$ 1 bilhão para investimentos, cerca de R$ 4,3 bilhões. O dinheiro, segundo o general, poderia ser aplicado na construção da usina binacional, se for o caso, ou em melhorias na usina de Itaipu.

 

Custo

 

O diretor-técnico executivo de Itaipu, Celso Villar Torino, estimou em cerca de US$ 5 bilhões o valor de construção da usina binacional com a Bolívia, tomando-se em conta o valor das grandes usinas recentes.

 

“Teria que fazer uma análise detalhada do local, mas as grandes usinas, como referência, custaram cerca de US$ 5 bilhões. O Brasil tem mercado crescente [de energia]. Uma hidrelétrica de 5 mil MW a 6 mil MW, não há dúvida, que o país tem mercado para absorver”, disse Torino. Segundo ele, a conexão da futura usina poderia ser feita utilizando a linha das usinas de Jirau e Santo Antônio, ou construindo outras linhas de transmissão.

 

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O diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, e o diretor paraguaio, Ernst Bergen, durante solenidade de comemoração da geração recorde de 2,7 bilhões de megaWatts/hora – Rubens Fraulini/Itaipu Binacional

Anexo C

 

Em 2023, haverá a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, de abril de 1973, que trata das bases de comercialização da energia gerada pela hidrelétrica. Atualmente, o Paraguai é obrigado a vender para o Brasil a parte de sua produção que não consome. A energia de Itaipu abastece 85% da demanda paraguaia, vendendo para o Brasil 35% do total da produção paraguaia.

 

De acordo com o general Silva e Luna, a questão está sendo bem conduzida e não deverá causar maiores problemas: “Teremos um grupo de trabalho único binacional. Se chega [a um consenso] através de conversa, diálogo, convencimento. Eu vejo isto com total otimismo”.

 

Outro assunto abordado foi o possível aumento do nível do reservatório, em um metro de altura, a fim de conferir maior estabilidade e potência. A obra custará cerca de R$ 4 milhões e não deverá causar impacto ambiental de alagamento além das terras da própria usina. Além disso, haverá, a partir do segundo semestre deste ano, a modernização de cada uma das 20 unidades geradoras onde ficam as turbinas, a um custo de US$ 700 milhões.

 

Cada unidade é responsável pela geração aproximada de 5% do total e deverá ficar parada até seis meses. No total, o processo vai durar 14 anos e será feita uma licitação internacional para a realização da modernização.

 

Recorde

 

A produção recorde de 2,7 bilhões de MWh, atingida nesta sexta-feira coloca Itaipu como a maior usina hidrelétrica do mundo em produção, superando até a gigantesca usina chinesa de Três Gargantas. O feito foi comemorado pelos diretores e funcionários da usina em solenidade que reuniu brasileiros e paraguaios.

 

O diretor-geral paraguaio de Itaipu, Ernst Bergen, destacou a colaboração de todos os funcionários da usina para o atingimento da meta. “Refletindo sobre o passado e olhando adiante, os paraguaios e brasileiros, como países-irmãos, têm sido capazes de construir uma hidroelétrica que hoje é a número um no mundo em produção de energia acumulada, a número um em produção de energia por ano, a número um em eficiência”, disse Bergen.

 

Silva e Luna também salientou a parceria entre os países para os resultados da usina: “Este potencial está colocado à nossa disposição, em proveito do desenvolvimento e bem estar de nossos povos. É um aprendizado contínuo, que une cada vez mais o Brasil e o Paraguai. Olhando para o futuro, vamos preparar nossa empresa para chegar em 2023 em condições de tratar dos novos arranjos financeiros do tratado, podendo trazer ainda mais benefícios para os nossos povos”.

 

Fonte: Agência Brasil