Consumo das famílias é grande motor da economia, segundo o IBGE; setor representa peso de 65% na composição do PIB

A economia brasileira nos últimos três anos permanece ancorada na demanda interna, principalmente, no consumo das famílias. A avaliação é da coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Renata Palis. Em 2019, a demanda interna cresceu 1,7%, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país), fechou o ano passado com crescimento de 1,1%.

 

Do crescimento total da demanda interna, 1,2% se refere ao consumo das famílias. Já o setor externo contribuiu negativamente com 0,5% em consequência da queda de 2,5% das exportações e bens e serviços.

 

Para a coordenadora, o consumo das famílias, que em 2019 subiu 1,8%, é o grande motor da economia, porque representa 65% na composição do PIB. Segundo ela, o que ocorre na economia é extremamente relacionado ao desempenho do consumo das famílias. De acordo Renata, o terceiro ano seguido de alta no consumo das famílias tem muito a ver com a recuperação do mercado de trabalho, apesar dela ser ancorada pela informalidade. Renata destacou ainda outros fatores que influenciaram o resultado de 2019.

 

“Ano passado teve ainda a queda da Selic, a inflação ficou mais ou menos no mesmo patamar de 2018, porque sofreu um repique no final do ano. Teve ainda a liberação do FGTS, apesar de que parte desses recursos não foi direcionada ao consumo das famílias e sim para abater dívida e o crédito, principalmente, direcionado às pessoas físicas favorecendo o consumo das famílias e a construção”, disse.

 

Patamar

 

Embora o PIB tenha registrado crescimento de 1,1% em 2019, a terceira alta consecutiva, o percentual ficou abaixo de 2017 e 2018, quando ficou em 1,3%, depois de dois anos de quedas em 2015 (3,5%) e 2016 (3,3%). Renata informou que mesmo com o crescimento dos últimos três anos, a economia brasileira ainda não recuperou o pico pós-crise econômica, que foi no primeiro trimestre de 2014.

 

“A gente ainda está 3,1% abaixo, mas, ao mesmo tempo, já está acima do vale que foi o pior momento da crise, que foi no quarto trimestre de 2016 e a gente já está 5,4% acima. Isso significa que a economia está no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2013 e vale também para o PIB per capta, que é o PIB dividido pela população residente”.

 

Atracação de navios no Caís do Porto do Rio de Janeiro, guindaste, container.
Exportações tiveram queda no ano passado em relação a 2018 – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Conjuntura

 

Conforme a coordenadora, a variação um pouco abaixo em 2019 na comparação com os dois anos anteriores pode ser explicada pela conjuntura diferente de 2018, quando a indústria de transformação e as exportações cresceram, mas no ano passado sofreram influência da baixa da demanda mundial, principalmente, pela crise da Argentina, principal parceiro comercial dos produtos industrializados do Brasil.

 

“Isso prejudicou a indústria de transformação, que ficou praticamente estável no ano passado, contra um crescimento de 2018, mas por outro lado, isso afetou outros serviços também. A indústria de transformação afeta diretamente o transporte, especialmente, o de carga e o comércio. Essas duas atividades econômicas, que pesam muito dentro dos serviços, que correspondem mais ou menos por ¾ da economia brasileira como um todo, também foram afetados por esse problema de desaquecimento da demanda mundial”, disse, acrescentando, que, em 2018, as exportações tinham crescido 4% em volume e caíram 2,5% em 2019. Isso não se restringe a crise da Argentina, mas está bem relacionado a este fator.

 

Ainda de acordo com a coordenadora, apesar de em termos estatísticos não ser tão significativa a diferença entre 2018 e 2019, passando de 1,3% para 1,1% de crescimento, há que se considerar a pequena desaceleração dos serviços, com influência também para a redução de gastos do governo. “Se olhar os componentes dos serviços, o que puxou para baixo? Exatamente a parte de administração pública. O governo está passando por uma restrição fiscal”. Em 2019, despesas de consumo do governo caíram 0,4%.

 

Renata destacou ainda que o rompimento da barragem em Brumadinho (MG) provocou impacto na atividade extrativa mineral, que vinha colaborando com crescimento do PIB. Ano passado o setor registrou queda de 1,1%.

 

Reversão

 

A coordenadora destacou a aceleração na economia entre o primeiro e o segundo semestres do ano passado. Enquanto na comparação com 2018, o primeiro trimestre de 2019 teve um crescimento na ponta de 0,0%, os seguintes subiram 0,5%, 0,6% e 0,5%, respectivamente, mantendo o crescimento. Isso permitiu fechar o ano com variação positiva de 1,1%. Parte dessa variação foi decorrência da construção, que se refletiu em outras atividades.

 

“A construção melhorou no ano passado o que afetou positivamente também os investimentos. Depois de cinco anos seguidos de queda, a construção teve crescimento de 1,6%, puxado, principalmente, pela construção residencial, pelos imóveis residenciais, já que a infraestrutura está bastante reprimida, pela queda dos gastos do governo”, disse.

 

Fonte: Agência Brasil

Indústria do vestuário de Mato Grosso do Sul interrompe retração de anos anteriores e prevê estabilidade em 2020

Após registrar retração nos últimos anos em Mato Grosso do Sul, a indústria do vestuário e têxtil estadual deve permanecer estável neste ano, com o valor bruto da produção (VBP) mantendo-se no mesmo patamar de 2019, quando somou R$ 1,1 bilhão. Comparado com o resultado de anos anteriores, a análise para 2020 aponta para o início de uma recuperação gradual do segmento composto por 293 empresas que empregam 1.295 trabalhadores com carteira assinada.

 

Segundo o presidente do Sindivest/MS (Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário, Tecelagem e Fiação de Mato Grosso do Sul), José Francisco Veloso Ribeiro, o cenário de estabilidade, que pode até ser considerado modesto, é resultado da crise vivida no País há alguns anos. “O mercado está se ajustando ao novo cenário econômico. Cada empresa tem seu nicho de mercado e deve seguir a evolução tecnológica para melhorar a produtividade, se adaptar para produzir mais e com custo menor”, comentou.

 

Francisco Veloso também reforça a importância de o empresário da indústria do vestuário e têxtil focar na solução e não em um problema que emperre seu crescimento. “As empresas precisam procurar os caminhos para crescer mesmo em momentos desfavorável na economia e não entrar na zona de conforto. Nós do Sindivest/MS, juntamente com o Senai e todo o Sistema Fiems, procuramos apoiar oferecendo inovação, tecnologia através de cursos de produção e gestão de processo produtivo”, destacou.

 

Os índices poderiam ser melhores, de acordo com ele, mas isso não faz jus ao potencial da indústria no Estado e no País. “Mato Grosso do Sul tem que almejar crescer sempre. Nossa indústria tem todos os pilares para complementar este crescimento: temos tecnologia e os profissionais precisam buscar qualificação”, projetou.

 

O líder sindical acrescenta o Sindivest/MS firmou uma parceria com o Senai para realizar uma série de ações voltadas a beneficiar as indústrias do vestuário e têxtil, que demandam profissionais altamente qualificados. Entre as iniciativas estão o curso técnico de modelagem do vestuário, além de atender à demanda de cursos rápidos, como modelagem industrial, modelagem digital, planejamento e controle de produção e marketing digital para a indústria do vestuário.