Veículos: Setembro foi melhor mês do ano, mas projeções da Anfavea apontam cenário incerto

A Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea) divulgou hoje os números do setor no último mês,
melhor do ano em produção e vendas. Setembro fechou o melhor trimestre do ano,
após os sucessivos recordes negativos do segundo trimestre, altamente impactado
pela pandemia do novo coronavírus. Faltando três meses para o encerramento, a
entidade refez suas projeções para 2020, indicando um cenário menos pior do que
aquele apresentado na metade do ano, no auge da quarentena e da imprevisibilidade,
quando se previam quedas de 40% ou mais.

 

Apesar da recuperação dos últimos meses, as novas projeções ainda apontam fortes
quedas em todos os indicadores. A produção estimada para o fim do ano é de 1,915
milhão de unidades, queda de 35% sobre 2019 e pior ano desde 2003. A expectativa
da Anfavea para o mercado interno de autoveículos novos (automóveis, comerciais
leves, caminhões e ônibus) é de 1,925 milhão de unidades licenciadas no ano, queda
de 31% e pior resultado desde 2005. Nas exportações, estima-se o envio total de 284
mil unidades, 34% a menos que no ano anterior, pior volume desde 1999. Para o setor
de máquinas agrícolas e rodoviárias, as projeções são um pouco melhores, com
crescimento de 5% nas vendas, mas quedas de 4% na produção e de 31% nas
exportações.

 

“Não deixa de ser um alívio diante do quadro que vislumbrávamos no começo da
pandemia, e creditamos isso sobretudo à gigantesca injeção de dinheiro feita pelo
governo federal por meio do auxílio emergencial, que fez a economia girar de forma
mais rápida do que o esperado”, explica o Presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
“Mesmo assim, teremos uma queda dramática de todos os resultados da indústria em
2020, ainda que o último trimestre seja razoável como foi o terceiro”, acrescenta.
Setembro ficou 11% abaixo do mesmo mês em 2019.

 

Os resultados de setembro consolidaram a recuperação do terceiro trimestre, trazendo
certo alívio a toda a cadeia automotiva. A produção de 220.162 autoveículos foi 4,4%
superior à de agosto, mas 11% menor que a de setembro de 2019. No acumulado dos
nove meses, o recuo é de 41,1%. O mercado interno fechou o mês com 207.710
unidades licenciadas, alta de 13,3% sobre o mês anterior, com retração de 11,6%
sobre o mesmo mês do ano passado (queda acumulada de 32,3% no ano).

 

O que ajuda a derrubar os números de produção é o fraco desempenho das
exportações, que mesmo no último trimestre não conseguiram repetir os níveis dos
primeiros três meses do ano, projetando para 2020 o pior resultado deste século. Em
setembro foram embarcados 30.519 autoveículos, alta de 8,5% sobre agosto e queda
de 16,7% sobre setembro de 2019 (encolhimento de 38,6% no ano).

 

Para o último trimestre do ano, a Anfavea espera números similares aos de setembro.
“Se por um lado há sinais positivos, como a redução dos casos de covid-19, o alto
interesse pelo transporte individual e o tradicional aquecimento do mercado no fim do
ano, por outro há riscos como a redução do auxílio emergencial, a queda no nível de
renda, a alta do desemprego e o aumento da inflação”, exemplifica Luiz Carlos
Moraes

 

Fonte: ANFAVEA

Estudo da CNI recomenda criação de financiamento de baixo custo para Indústria 4.0

Estudo elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com empresas de diversos portes, nacionais e internacionais revela os gargalos, apresenta perspectivas e soluções para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil. Entre as propostas, destaque para a sensibilização dos representantes das empresas e a criação de financiamentos atrativos específicos para a implementação de soluções tecnológicas.

 

Na avaliação técnica da CNI, a abertura de linhas como a BNDES Crédito Serviços 4.0, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Inovacred 4.0, lançada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), representam um avanço.

 

“As principais nações industrializadas inseriram o desenvolvimento da Indústria 4.0 no centro de suas estratégias de política industrial para preservar e aumentar sua competitividade. O Brasil precisa fazer o mesmo. A capacidade da indústria brasileira competir internacionalmente dependerá da nossa habilidade de promover essa transformação”, comentou o diretor de desenvolvimento industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi.

 

“A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus tornou o processo ainda mais urgente”, completou Abijaodi.

 

Grandes empresas e multinacionais também têm dificuldade para implementar a indústria 4.0

 

Os resultados confirmaram a hipótese inicial segundo a qual as empresas de menor porte encontram-se mais atrasadas no processo de implantação da Indústria 4.0. Mesmo entre as grandes, no entanto, 42,1% das entrevistadas não haviam iniciado o processo de incorporação de tecnologias nos seus processos.

 

“Elas conseguiram manter competitividade com base em outros ativos que não a eficiência produtiva e a competência no campo da tecnologia. Apesar disso, é sempre incerto garantir que essa situação se mantenha em um cenário produtivo e em um ambiente competitivo distintos como os que se desenham no momento atual para a atividade industrial brasileira”, destaca o relatório técnico.

 

publicação destaca que a origem do capital das empresas não é fator determinante para a implementação de novas tecnologias. O percentual das estrangeiras que não implementaram projetos da Indústria 4.0 (40%) está muito próximo do registrado nas empresas nacionais (50%). Entre as empresas multinacionais entrevistadas foi comum encontrar aquelas que não tinham autonomia decisória e que consideravam sua situação tecnológica atrasada em relação a outras unidades do grupo.

 

 

“Uma situação contraditória em que a multinacional tem mais acesso à tecnologia e vantagens decorrentes de pertencer a um grupo econômico mais complexo, mas padece pela importância, geralmente subordinada da unidade brasileira dentro da corporação industrial”, avalia o relatório.

 

Busca de produtividade no chão de fábrica é a principal motivação da indústria 4.0

 

Empresas apostam na automação da produção para aumento da produtividade

 

 

A Indústria 4.0 tem como uma das principais características a incorporação da digitalização à atividade industrial, integrando tecnologias físicas e virtuais. Entre as principais, destacam-se o big data, robótica avançada, computação em nuvem, impressão 3D, inteligência artificial, sistemas de conexão máquina-máquina, sensores, atuadores e softwares de gestão avançada da produção. O estudo da CNI revela que a indústria 4.0 entra nas empresas principalmente pela automação da produção tendo como a busca pelo aumento da produtividade a sua principal motivação.

 

Outra motivação relevante é a redução de custos de energia, de outros insumos industriais ou com manutenção e ociosidade de máquinas. De acordo com o levantamento, a introdução das tecnologias da indústria 4.0 tende a ocorrer em maior frequência em algumas fases do processo produtivo.

 

“Outros ganhos que a Indústria 4.0 pode apresentar, como flexibilidade de processos produtivos, integração com outros elos das cadeias produtivas, inovações de produto, redução de tempo no desenvolvimento de produtos, entre outros, não foram apontados como motivadores dos projetos 4.0”, pontua o relatório técnico.

 

Linhas de crédito e sensibilização são fundamentais para o desenvolvimento da indústria 4.0

 

Com base nas restrições apontadas pelos executivos entrevistados para a implementação da Indústria 4.0, os especialistas recomendam a sensibilização dos empresários e a disponibilização de linhas de crédito especiais para a implementação de novas tecnologias ao setor produtivo. Entre as ações objetivas recomendadas estão:

 

– Divulgação de cases de adoção das tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 para mostrar aos empresários os ganhos concretos com o investimento;

– Promoção de eventos de informação sobre a Indústria 4.0 para executivos em cargos de direção de empresas do setor industrial;

– O estímulo ao desenvolvimento de planos empresariais estratégicos de digitalização para, por meio do planejamento haver direcionamento dos investimentos de forma correta e de acordo com objetivos claros;

– A concessão de financiamento de baixo custo para a demanda de soluções tecnológicas no padrão da Indústria 4.0.

 

Nesse contexto, na avaliação técnica da CNI, a implementação da linha Inovacred 4.0, da Finep, no fim de 2019 representou um avanço. Executado com o apoio de 25 parceiros regionais, hoje representa um dos principais programas de financiamento à inovação em micro, pequenas e médias empresas do Brasil. O piloto começou este ano, tem nove projetos na cartela, num total de R$ 7 milhões contratados, de 200 millhões disponíveis.

 

Na mesma direção, está o financiamento BNDES crédito serviço 4.0. Com carência de até 24 meses e prazo de até 120 meses, a linha vai ser operada de forma indireta via parceiros ou pelo BNDES online e pode arcar com até 100% dos custos de implementação da indústria 4.0 com 30% de capital de giro associado.

 

Sobre o estudo

 

O estudo da CNI buscou construir um quadro analítico sobre as motivações, impactos gerados ou potenciais, capacitações existentes nas empresas, restrições à adoção e sugestões de ações relativas à difusão das tecnologias da Indústria 4.0 na indústria brasileira. O levantamento foi feito com base em 24 entrevistas presenciais com gerentes e diretores de empresas do setor industrial. O modelo usado foi o qualitativo, que teve como critérios para constituir a amostra a atividade industrial das empresas, o tamanho das empresas e a origem do capital – nacional ou estrangeiro.

 

Para a caracterização do tamanho da indústria foi levado em consideração o faturamento, sendo microempresas aquelas com receita operacional bruta anual ou renda anual menor ou igual a R$ 360 mil; pequenas empresas maiores que R$ 360 mil e menor ou igual a R$ 4,8 milhões; média empresa: maior que R$ 4,8 milhões e menor ou igual a R$ 300 milhões; grande empresa: maior que R$ 300 milhões.

 

Fonte: CNI