Oportunidades e tendências para incremendo da cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul é debatida na Fiems

Com o objetivo de elaborar um projeto de reestruturação da cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul, a Fiems e a Famasul realizaram, ontem (11/03), no Edifício Casa da Indústria, em Campo Grande, o primeiro dia do 1º Encontro da Cadeia da Borracha do Estado, com a apresentação sobre a atividade e a demonstração de estimulantes e da borracha híbrida. Nesta terça-feira (12/03), das 9h às 11h, na Casa Rural, também na Capital, no segundo dia, o evento terá continuidade com uma apresentação para produtores rurais e para empresários de seringais.

 

Neste primeiro dia, o encontro contou com a participação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, do presidente da Famasul, Mauricio Saito, do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB), do diretor-corporativo da Fiems, Cláudio Alves, de técnicos da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e da Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda) e representantes da Bioworldtech, empresa de biotecnologia para o agronegócio.

 

Incentivo

 

Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o objetivo é incentivar a produção da borracha no Estado. “É projeto antigo, que criou o polo da borracha na região de Cassilândia e Paranaíba, mas que precisa de um estímulo e de uma readequação porque novas tecnologias foram pesquisadas e colocadas à disposição dos produtores. Por isso, precisamos reestruturar um projeto que vai desde o incentivo da produção, passando por tecnologia e inovação até a industrialização desse produto”, afirmou.

 

Ele acrescentou que já existem empresas interessadas em se instalar em Mato Grosso do Sul, de olho no pode ser produzido e colhido nos próximos anos aqui no Estado. “A gente precisa fomentar isso, mas de forma organizada e, por isso, estamos realizando esse encontro para buscarmos informações técnicas que vão subsídio a todas as fases da produção até a industrialização. A intenção é desenvolvermos um projeto moderno e arrojado para a cadeia da borracha”, completou.

 

Ampliar o leque

 

O presidente da Famasul, Mauricio Saito, reforçou a importância da elaboração de um projeto da cadeia da borracha para ampliar o leque de atividades econômicas do Estado. “Mato Grosso do Sul tem uma vocação agroindustrial intensa, mas sempre pensamos nessa atividade focando simplesmente na produção de grãos e carnes. Quando damos ao produtor rural e ao empresário a possibilidade de ampliar esse leque de atividades, automaticamente fazemos com que o Estado cresça”, destacou.

 

Na avaliação do presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Corrêa, o projeto traz grandes oportunidades para o desenvolvimento do Estado. “Nós já trabalhamos esse assunto há um tempo para criarmos o polo da borracha na região de Cassilândia e agora estamos reestruturando esse projeto. A ideia é trazer uma indústria de beneficiamento da borracha e a Assembleia Legislativa está à disposição para auxiliar nesse projeto”, ressaltou.

 

Discussão técnica

 

O CRO da Bioworldtec, Marcelo Cavarsan, abriu as apresentações técnicas destacando as oportunidades e tendências de mercado, ressaltando que o Brasil importa 65% do total de borracha natural que consome, uma quantidade total de 340 mil toneladas por ano. “Vale a pena reforçar que atualmente tem crescido em vários países o desinteresse pela borracha sintética, produto derivado do petróleo, por causa de questões ambientais. Então investir na produção de borracha natural aqui em Mato Grosso do Sul é uma oportunidade interessante de geração de emprego e incremento na economia”, comentou.

 

Já o CEO da Bioworldtec, Gilmário Libório, explicou que a empresa atua na área de borracha desde 2011 e detalhou como pode contribuir com a cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul desde o processo de plantio, com sistema de estimulação, até processo de borracha híbrida e couro borracha, que são patentes da empresa. “Penso que esse evento representa uma mudança de paradigmas porque São Paulo é o maior produtor de borracha, mas não condiz com as melhores práticas do mercado. Então quando vemos outro Estado com a intenção de desenvolver um polo, avaliamos como algo bastante positivo, porque temos a possibilidade de deixar de apenas exportar commodities, mas também produzir produtos acabados, com maior valor agregado”, destacou.

 

Ele também apresentou a fase 2 da produção, que é a faca automatizada de sangria de seringueiras, a primeira automatizada do mundo. “A principal vantagem desse equipamento é padronização da sangria, aumento dos vasos para a sangria e a possibilidade de treinamento em baixíssimo tempo para essa sangria. Em menos de uma semana a pessoa já está apta. Com isso, ganha-se tempo, padronização e aumento de produtividade”, finalizou.

 

Atividade em expansão

 

Para a elaboração do projeto de reestruturação da cadeia da borracha em Mato Grosso do Sul, a Semagro levantou, entre os meses de julho e setembro de 2018, que o Estado tem 22.648 hectares cultivados com seringueira distribuídos por 243 propriedades. Ainda conforme o estudo, a maior concentração de plantios está em áreas entre 20 e 99 hectares, entretanto, foram identificadas áreas entre 1 e 1.500 hectares.

 

Essas propriedades estão distribuídas em 29, dos 79 municípios sul-mato-grossenses, concentrando-se, principalmente, na região leste do Estado, com destaque para a participação dos municípios de Cassilândia e Aparecida do Taboado, que juntos respondem a 47,69% da área implantada no Estado. A maioria dos seringais, 85,53% do total, encontra-se em fase de crescimento e formação, com idades entre um e seis anos.

 

Se bem manejados e em condições ideais de cultivo, o estudo da Semagro aponta que, nos próximos oito anos, se estima um aumento de 690% no número de plantas aptas à extração, em comparação com os dados de 2018.  Em relação ao total de plantas levantado, o incremento anual, até o ano de 2026, varia entre 2,22% e 15,55%.

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