CNC: endividamento das famílias atinge maior patamar em quase 12 anos

O percentual de famílias brasileiras com dívidas em atraso ou não chegou a 74,6% em outubro deste ano, maior patamar da série da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em janeiro de 2010. Antes de julho deste ano, a parcela nunca havia superado a marca dos 70%.

 

Desde julho, no entanto, o percentual de endividados no país, que está há 11 meses em alta, supera os 70%. Os dados foram divulgados ontem (29) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

 

Em setembro deste ano, o índice havia ficado em 74%. Já em outubro do ano passado, os inadimplentes eram 66,5% das famílias.

 

Inadimplência

 

O percentual de inadimplentes, ou seja, famílias que têm contas ou dívidas em atraso, apresentou, em outubro deste ano (25,6%), uma ligeira alta em relação a setembro (25,5%). Houve, no entanto, queda em relação a outubro de 2020 (26,1%).

 

O percentual de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas ou contas caiu para 10,1% em outubro deste ano, abaixo dos 10,3% do mês anterior e dos 11,9% de outubro do ano passado.

 

A parcela média da renda comprometida com dívidas manteve-se estável em 30,2%. A maior parte das dívidas (84,9%) é com cartão de crédito. Entre os inadimplentes, o tempo médio de atraso na quitação das dívidas é o menor desde março deste ano: 61,4 dias.

 

AGÊNCIA BRASIL

Contas públicas fecham outubro com saldo positivo de R$ 28,195 bi, segundo o Tesouro

Com o crescimento da arrecadação e a redução das despesas geradas pela pandemia de covid-19, o Governo Central, formado por Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, registrou superávit de R$ 28,195 bilhões, em outubro. Esse foi o maior resultado positivo para o mês desde outubro de 2016, quando foi registrado superávit primário de R$ 51,756 bilhões (valor corrigido pela inflação). A informação foi divulgada ontem (29) pela Secretaria do Tesouro Nacional.

 

O resultado primário é formado por receita menos despesas, sem considerar os gastos com juros.

 

Em outubro do ano passado, o Governo Central registrou déficit de R$ 3,783 bilhões (valor corrigido pela inflação). De acordo com o Tesouro, em outubro de 2021 comparado a igual mês do ano passado, houve um aumento real (descontada a inflação) de 5,9% (crescimento de R$ 8,7 bilhões) da receita líquida e um decréscimo real de 15,4% (menos R$ 23,3 bilhões) das despesas totais.

 

“A diminuição nas despesas primárias em outubro de 2021 em comparação com o mesmo mês do ano anterior foi influenciada principalmente pela redução nos gastos em resposta aos efeitos socioeconômicos da crise provocada pela covid-19”, diz relatório do Tesouro Nacional.

 

Os créditos extraordinários e o apoio financeiro a estados e municípios apresentaram redução de R$ 22,8 bilhões e de R$ 4 bilhões, respectivamente, quando comparados a outubro de 2020. Por outro lado, naquele mês de 2020 houve devolução à União de R$ 6,8 bilhões destinados ao Programa Emergencial de Suporte a Empregos (Pese), evento sem equivalente em outubro de 2021, acrescentou o Tesouro.

 

Com o número de outubro, o resultado acumulado em dez meses totaliza um déficit primário de R$ 53,404 bilhões, ante saldo negativo de R$ 767,421 bilhões (valor corrigido pela inflação) no mesmo período de 2020. Esse foi menor resultado negativo acumulado de janeiro a outubro desde 2015, quando ficou em R$ 51,587 bilhões.

 

Meta

 

Para este ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estabelece meta de déficit de R$ 247,1 bilhões para o Governo Central, mas projeto de lei aprovado no fim de abril permite o abatimento da meta de até R$ 40 bilhões de gastos com o enfrentamento da pandemia de covid-19.

 

Dívida pública

 

O Tesouro Nacional também divulgou hoje o Relatório de Projeções da Dívida Pública. Segundo o relatório, a Dívida Pública do Governo Geral (DBGG) deve fechar 2021 com uma queda superior a 8 pontos percentuais do PIB (Produto Interno Bruto – soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em relação a 2020, “o que mostra reversão importante do aumento registrado no ano anterior em decorrência da queda de arrecadação e das medidas fiscais de enfrentamento à pandemia da covid-19”.

 

A previsão é que a DBGG termine 2021 em 80,6% do PIB. “De 2022 em diante, espera-se uma redução gradual nesse indicador, que atingiria um patamar de 76,6% do PIB em 2030. Essa trajetória é fruto, basicamente, do efeito do crescimento do PIB nominal e dos superávits primários esperados a partir de 2024”.

 

AGÊNCIA BRASIL

Banco Central regulamenta Pix Saque e Pix Troco; modalidades já estão disponíveis

O Banco Central (BC) alterou o regulamento do Pix, sistema de pagamentos instantâneos, para incluir as modalidades de saque e de troco. A resolução foi publicada sexta-feira (26) no Diário Oficial da União.

 

As modalidades estarão disponíveis a partir de hoje (29). Segundo o BC, a oferta dos dois novos produtos aos usuários da ferramenta é opcional, cabendo a decisão final aos estabelecimentos comerciais, às empresas proprietárias de redes de autoatendimento e às instituições financeiras.

 

Pix Saque

 

O Pix Saque permitirá que os clientes de qualquer instituição participante do sistema realizem saque em um dos pontos que ofertar o serviço.

 

Estabelecimentos comerciais, redes de caixas eletrônicos compartilhados e participantes do Pix, por meio de seus serviços de autoatendimento próprios, poderão ofertar o serviço. Para ter acesso aos recursos em espécie, o cliente fará um Pix para o agente de saque, em dinâmica similar à de um Pix normal, a partir da leitura de um QR Code ou a partir do aplicativo do prestador do serviço.

 

Pix Troco

 

No Pix Troco, a dinâmica é praticamente idêntica. A diferença é que o saque de recursos em espécie pode ser feito durante o pagamento de uma compra ao estabelecimento. Nesse caso, o Pix é feito pelo valor total, ou seja, da compra mais o saque. No extrato do cliente aparecerá o valor correspondente ao saque e à compra.

 

Limite

 

O limite máximo das transações do Pix Saque e do Pix Troco será de R$ 500,00 durante o dia, e de R$ 100,00 no período noturno (das 20h às 6h). De acordo com o BC, haverá, no entanto, liberdade para que os ofertantes dos novos produtos do Pix trabalhem com limites inferiores a esses valores caso considerem mais adequado aos seus fins.

 

Tarifas

 

De acordo com o BC, não haverá cobrança de tarifas para clientes pessoas naturais (pessoas físicas e microempreendedores individuais) por parte da instituição detentora da conta de depósitos ou da conta de pagamento pré-paga para a realização do Pix Saque ou do Pix Troco para até oito transações mensais. A partir da nona transação realizada, as instituições financeiras ou de pagamentos detentoras da conta do usuário pagador podem cobrar uma tarifa pela transação.

 

Segundo o BC, o valor da tarifa cobrada é de livre estabelecimento pela instituição e deve ser informado ao usuário pagador antes da etapa de confirmação da transação. “Os usuários nunca poderão ser cobrados diretamente pelos agentes de saque”, destacou o BC.

 

O BC explica ainda que os quatro saques tradicionais gratuitos realizados pelo usuário fora do âmbito do Pix Saque e Pix Troco podem ser descontados da franquia de gratuidades (oito por mês). Ou seja, se o usuário realizar um saque da sua conta, sem ser por meio do Pix Saque ou Pix Troco, esse saque poderá ser contabilizado e sua franquia de gratuidades poderá ser reduzida de oito para sete, a critério da instituição.

 

Para o comércio que disponibilizar o serviço, as operações do Pix Saque e do Pix Troco representarão o recebimento de uma tarifa que pode variar de R$ 0,25 a R$ 0,95 por transação, a depender da negociação com a sua instituição de relacionamento.

 

“A oferta do serviço diminuirá os custos dos estabelecimentos com gestão de numerário, como aqueles relacionados à segurança e aos depósitos, além de possibilitar que os estabelecimentos ganhem mais visibilidade para seus produtos e serviços (‘efeito vitrine’)”, diz o BC.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

“Estamos perto de ver o topo da inflação”, diz Campos Neto, presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou na última sexta-feira (26) que o pico da inflação está próximo do fim, com melhora a partir do ano que vem.

“Está perto – olhando 12 meses – de ver o topo [da inflação], e a gente entende que, a partir do ano que vem, vai ver uma melhora”, disse Campos Neto, ao participar de evento virtual com empresas do mercado imobiliário, promovido pelo Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP).

Campos Neto afirmou que o BC imaginava, “em algum momento”, que o auge da inflação seria em setembro, mas isso não ocorreu em função dos “choques de energia [que] vieram de forma consecutiva, surpreendendo a todos”, e do aumento da gasolina subindo na bomba, puxado pelo etanol.

 

Projeção para o PIB

 

O presidente do BC também indicou que a instituição deve piorar sua projeção para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) em 2022, mas não na magnitude apontada pelo mercado em suas últimas estimativas.

A última conta do BC, de alta de 2,1%, será provavelmente revista para baixo, disse, “mas não tão baixo” como a mediana em expectativas de agentes do mercado.

No último boletim Focus, a perspectiva do mercado era de crescimento de apenas 0,7% para a economia brasileira em 2022.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

Confiança recua em 24 de 30 setores da indústria em novembro, diz CNI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) recuou em 24 dos 30 setores analisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na passagem de outubro para novembro deste ano.

 

Apesar da queda, apenas um setor ficou abaixo da linha de 50 pontos. Todos os demais permanecem confiantes. Dados acima dessa faixa representam confiança e abaixo, falta de confiança. Em novembro, o Icei de produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal ficou em 49,5 pontos.

 

O Icei é resultado da média entre a percepção das condições atuais e das expectativas. Ao todo, foram entrevistadas no país 2.340 empresas entre 3 e 12 de novembro.

 

A economista da CNI Larissa Nocko explicou na sexta-feira (26) que o resultado do Icei foi heterogêneo entre os setores. “Todos os componentes do Icei caíram. Quando perguntados sobre a percepção das condições atuais da economia, apenas dois setores a avaliaram positivamente: outros equipamentos de transporte e produtos de madeira. O que mantém o indicador da maior parte dos setores acima de 50 pontos, ou seja, em um cenário de confiança, são as expectativas positivas para os próximos seis meses, ainda que menos otimistas do que no mês anterior”, explicou Larissa, em nota.

 

As maiores quedas de confiança ocorreram nos setores móveis (4,6 pontos), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e outros (4 pontos) e metalurgia (3,6 pontos). A confiança avançou principalmente nos setores outros equipamentos de transporte (3,3 pontos), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,9 pontos) e obras de infraestrutura (2 pontos).

 

 

AGÊNCIA BRASIL

Turismo deve encerrar o ano com 16% de crescimento e faturamento de R$ 130 bilhões

O turismo brasileiro deve terminar o ano com crescimento de 16% e faturamento de R$ 130 bilhões, 22% inferior ao registrado no período pré-pandemia, de acordo com dados do levantamento do Conselho de Turismo (CT) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).

 

Os segmentos que registraram os resultados mais expressivos, a partir do quarto mês do ano, foram os de transporte aéreo, com alta anual de 83,9% e serviços de alojamento e alimentação, que teve elevação de 61,9%. “No entanto, a base de comparação explica o resultado, pois, esses foram os setores que mais sofreram o impacto da crise em 2020, estando, também, abaixo do patamar de abril de 2019”, diz a FecomercioSP.

Segundo os dados, a demanda dos passageiros aéreos atingiu nível superior a 6 milhões em julho, mantendo-se no mesmo nível nos meses seguintes. Até junho esses números estavam menores do que 5 milhões de pessoas. A perspectiva da Fecomercio é a de que o transporte aéreo encerre o ano com faturamento de R$ 37,8 bilhões, o que representa um crescimento anual de 30,5%. “Porém, ainda 36% abaixo do nível de 2019. Já o resultado projetado do último trimestre deve ser 12% menor em relação ao mesmo período do ano pré-pandemia”, estima a entidade.

 

O transporte rodoviário (intermunicipal, interestadual e internacional), que apresentou quedas relativamente modestas no início do ano, deve encerrar 2021 com alta de 9% e faturamento de R$ 17,7 bilhões (5,1% abaixo do patamar de 2019). Para o transporte aquaviário, a projeção de alta é 8,4% (R$ 467 milhões em valores absolutos).

 

Para o grupo de locação de veículos, agência e operadoras de turismo, a expectativa é que haja aumento no faturamento de 4,2%, chegando a R$ 29 bilhões. Na comparação com 2019, o nível ainda é 8,5% abaixo do obtido. Embora negativo, é um dos resultados relativos mais favoráveis entre os setores analisados pelo levantamento. O último trimestre deve registrar um ritmo de crescimento de 7%.

 

Os dados indicam ainda que o grupo de alimentação e alojamento deve registrar alta de 15,9%, com faturamento de R$ 25 bilhões, um quadro ainda negativo quando comparado ao ano de 2019, quando a alta foi de 26%.

 

Para as atividades culturais, recreativas e esportivas, a projeção para a segunda metade do ano é aumento de 11,7%, encerrando 2021 com alta de 1,9%. No primeiro semestre de 2021 houve queda de 7,4% nesse grupo. “Como este grupo depende, essencialmente, do número de pessoas completamente imunizadas, com o ritmo de vacinação bem estabelecido, a tendência é que haja cada vez mais aumento de público e atividades no próximo ano, dando condições para uma recuperação mais robusta”, diz a FecomercioSP.

 

Impacto da inflação no turismo

 

Apesar de os números apontarem para um bom desempenho no início de 2022, o processo inflacionário, que impacta tantos as famílias como as empresas, pode limitar um crescimento mais expressivo do setor no próximo ano, embora o dólar alto ainda mantenha a atratividade do turismo doméstico, que passou a ser “descoberto” por muitos brasileiros.

 

Segundo a presidente do CT da FecomercioSP, Mariana Aldrigui, a pressão da inflação no orçamento das famílias é, e continuará sendo, o fator mais importante a ser observado no próximo ano, principalmente a partir de março, quando a demanda começa a diminuir. “Infelizmente, como em outros momentos relevantes para o turismo, fez-se muito pouco em termos de investimentos, oferta de crédito e estímulo à inovação, o que deixa o Brasil ainda mais dependente de seu mercado interno”, analisou.

 

O levantamento, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o setor tem enfrentado inflação de 16,75% nos últimos 12 meses. Esta variação é superior à média do Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA), de 10,67%. Isto é, há um avanço real de preços do turismo de 5,49%. As passagens aéreas são as principais responsáveis pela alta. Em 12 meses, o preço aumentou 50,11%, resultado da demanda reprimida pela pandemia e do aumento de custos, sobretudo do querosene (QAV), que subiu 90%, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP).

 

Segundo as análises da FecomercioSP, a alta do combustível e da energia elétrica deve impactar outras atividades importantes do setor, como hotéis e translados, que repassarão os custos aos consumidores e aos pacotes turísticos, pressionando os valores nos próximos meses. Embora algumas atividades ainda não repassem a inflação para o preço final (caso da hospedagem, que teve aumento médio de preços de 4,44%), como o processo inflacionário atual é estrutural, o ajuste é questão de tempo e deve continuar, pelo menos, até metade do próximo ano.

 

“O resultado não surpreende, uma vez que já se previa um aumento considerável da demanda, que esteve reprimida ao longo dos últimos 18 meses. Os aumentos generalizados nos insumos de todos os setores também colaboram com a elevação dos preços, e é provável que a curva de aumento siga ascendente nos próximos meses (pelo menos até o carnaval), podendo ser revertida somente em caso de queda acentuada na demanda”, disse Aldrigui.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

Juros cobrados de empresas e famílias sobem em outubro, diz Banco Central

As taxas de juros dos empréstimos nos bancos subiram em outubro, segundo a pesquisa Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central (BC), divulgada ontem (26), em Brasília.

 

Nas operações com taxas livremente definidas pelos bancos, a taxa média cobrada de empresas e famílias ficou em 32,8% ao ano, aumento de 2,2 pontos percentuais em relação a setembro, quando estava em 30,6% ao ano. Essa é a maior taxa desde março de 2020 (33,3% ao ano).

 

As famílias pagaram taxa média de 43,8% ao ano, com alta de 2,1 pontos percentuais em relação a setembro, e as empresas, 19,1% ao ano, aumento de 2 pontos percentuais. Em 12 meses, as altas foram de 4,8 pontos percentuais para as pessoas físicas e de 7,1 pontos para as empresas.

 

No caso das famílias, o BC destacou os aumentos das taxas do crédito pessoal não consignado (6,2 ponto percentual, chegando a 83,6% ao ano, em outubro), crédito pessoal consignado para servidores públicos (0,9 ponto percentual, com taxa de 17,9 % ao ano) e cartão de crédito rotativo (4,1 pontos percentuais; taxa de 343,6% ao ano). O cheque especial ficou com taxa de 128,8% ao ano, recuo de 0,8 ponto percentual em relação a setembro.

 

No crédito às empresas, o destaque ficou para os crescimentos nos custos de contratação de desconto de duplicatas e outros recebíveis (1,5 ponto percentual, com taxa em 14,2% ao ano), capital de giro com prazo menor que 365 dias (6 pontos percentuais; taxa de 22,1% ao ano) e capital de giro com prazo superior a 365 dias (2 pontos percentuais, com juros em 19% ao ano).

 

Inadimplência

 

A inadimplência, considerados atrasos acima de 90 dias, do crédito livre para pessoas físicas chegou a 4,3%, com alta de 0,1 ponto percentual em relação a setembro. A inadimplência das empresas permaneceu em 1,6%.

 

Crédito direcionado

 

A alta dos juros também foi observada nas operações de crédito direcionado, que têm regras definidas pelo governo e é destinado basicamente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

 

A taxa média para pessoas físicas subiu 0,4 ponto percentual para 7,7% ao ano. Para as empresas, a alta, no mês, foi de 1,3 ponto percentual para 10,8% ao ano.

 

A inadimplência do crédito consignado ficou estável em 1% para pessoas jurídicas e 1,4% para as famílias.

 

Taxa básica

 

A alta dos juros bancários ocorre em um período de aumento da taxa básica de juros, a Selic, atualmente definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em 7,75% ao ano.

 

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

 

Os bancos também consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como inadimplência, lucro e despesas administrativas.

 

Saldo dos empréstimos

 

O crédito do Sistema Financeiro Nacional totalizou R$ 4,5 trilhões em outubro, aumento de 1,5% em relação ao mês anterior. De acordo com o BC, esse desempenho refletiu altas de 0,9% na carteira de pessoas jurídicas (saldo de R$ 1,9 trilhão) e de 1,9% na de famílias (R$ 2,6 trilhões), em outubro comparado ao mês anterior.

 

Em relação a outubro de 2020, o crédito se elevou 16%, mesmo desempenho do mês anterior. Segundo o BC, nessa comparação de 12 meses, o crédito destinado às empresas desacelerou, passando de 11,7% (em 12 meses encerrados em setembro), para 11,4% (12 meses encerrados em outubro), enquanto o destinado às famílias continuou em expansão, de 19,5% para 19,7%.

 

O saldo do crédito livre às empresas somou R$ 1,2 trilhão, com aumentos de 1,2% no mês e de 15,9% em 12 meses, com destaque para as modalidades de antecipação de faturas de cartão de crédito (5,5%), capital de giro com prazo superior a 365 dias (0,9%) e financiamento às exportações (3%).

 

Para as pessoas físicas, o crédito livre atingiu R$ 1,4 trilhão em outubro, altas de 2,2% em relação ao mês anterior e de 21,3% na comparação interanual. O BC destacou que houve “evolução nas principais carteiras do segmento”, como as de cartão de crédito (4,2%), crédito pessoal não consignado (4,1%), crédito pessoal consignado para servidores públicos (1%) e financiamentos para a aquisição de veículos (1,2%).

 

O saldo das operações de crédito direcionado destinado às empresas atingiu R$ 695 bilhões no mês, com expansão mensal de 0,6% e crescimento interanual de 4,2%. No crédito direcionado às famílias, o saldo totalizou R$ 1,2 trilhão em outubro, com variações positivas de 1,5% no mês e de 17,8% em 12 meses, “fomentado pela continuidade do desempenho favorável do crédito rural com taxas reguladas (2,9%) e dos financiamentos imobiliários com taxas reguladas (1,1%)”.

 

Novos empréstimos

 

As novas contratações de crédito do sistema financeiro atingiram R$ 428,9 bilhões em outubro. Na série com ajuste sazonal, o fluxo aumentou 1,7% no mês, com expansão de 5,1% nas concessões a pessoas jurídicas e alta de 0,1% para pessoas físicas.

 

AGÊNCIA BRASIL

Ministério de Minas e Energia divulga estudo prevendo “revolução” no setor energético

O setor de energia poderá passar por adaptações tecnológicas que representarão uma revolução similar à ocorrida com as telecomunicações. Em termos práticos, significa, entre um número ainda inimaginável de possibilidades, transformar medidores de energia e demais equipamentos em unidades de inteligência artificial e, a partir da digitalização de dados e procedimentos, ampliar como nunca a qualidade e os serviços prestados pelas empresas do setor.

 

O potencial da digitalização do setor energético vai muito além do que se pode imaginar nos dias atuais, conforme sugere um estudo divulgado nesta sexta-feira (26), em Brasília, pelo Ministério de Minas e Energia (MME). Foi o que disse à Agência Brasil o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do MME e coordenador do projeto Sistemas de Energia do Futuro, Carlos Alexandre Príncipe Pires.

 

O estudo Uso de Novas Tecnologias Digitais para Medição de Consumo de Energia e Níveis de Eficiência Energética no Brasil é, segundo ele, “uma ideia lançada no ar” para mostrar à comunidade e, em especial, às empresas do setor energético, “um horizonte inicial” sobre o impacto que a digitalização de equipamentos e serviços pode ter para o Brasil.

 

Elaborado por meio da Parceria Energética Brasil-Alemanha, o trabalho é produto de uma cooperação entre o Ministério de Economia e Energia (BMWi) da Alemanha e o MME, que tem por base experiências europeias no uso da Inteligência Artificial, Internet das Coisas (IoT), Big Data e tecnologias digitais de ponta.

 

Ele traz insumos sobre como utilizar essas tecnologias para coletar, processar e analisar dados relacionados ao consumo de energia e medição da eficiência energética no contexto brasileiro.

 

Processo veloz e sem volta

 

“Minha percepção é de que a digitalização é um processo sem volta para todos os setores em algum momento, já que se trata de uma ferramenta que permite maior eficiência no uso dos recursos. Caso contrário, ela não se justificaria. Isso é muito perceptível. Todos os setores em que há digitalização ficam mais competitivos e eficientes, e isso não será diferente no setor energético”, argumentou.

 

Pires acrescentou que os efeitos da digitalização deste setor ocorrerão em uma velocidade ainda maior do que a das telecomunicações, uma vez que têm como ponto de partida ferramentas já disponibilizadas pelas telecomunicações, tanto no âmbito residencial como comercial e industrial.

 

“A tendência é que esse processo se dê mais rápido do que o ocorrido nas telecomunicações, até porque as telecomunicações proporcionaram a outros setores ganho de tempo. Mas tudo vai depender de um passo ainda a ser dado na modernização do setor elétrico. Acredito que, no mercado livre de energia, esse passo seja dado muito mais rapidamente porque é intrínseco à liberdade de mercado. Já no cativo, que são as distribuidoras de energia, o passo será mais lento, mas tão ou mais rápido do que a legislação permitir”, complementa o diretor do MME.

 

Diante de tantas possibilidades, não há, segundo Pires, como deixar de se fazer um “paralelo” entre o processo de digitalização e o ocorrido no setor de comunicações. “Antes, havia telefones fixos e orelhões. Quando apareceram os celulares não se tinha a exata noção de onde poderíamos chegar. Ninguém imaginava que, em pouco mais de dez anos, até operações bancárias complexas seriam feitas por meio deles”, observou.

 

Inteligência artificial e “prossumidor”

 

Ele acrescenta que a digitalização do setor abrange não apenas consumo e oferta, mas “possibilidades quase infinitas do uso de inteligência artificial para a melhoria de processos”.

 

“O consumidor passa a ser o que chamamos de prossumidor: um consumidor mais proativo que, por exemplo, pode se tornar produtor ao gerar, consumir e distribuir energia a partir da própria casa”, disse ao apontar um exemplo básico do que visualiza como uma das possíveis “revoluções” que devem ocorrer no setor, a partir da adoção de tecnologias envolvendo a digitalização da relação de consumo.

 

As possibilidades não param por aí. “O consumidor será mais ativo na sua relação com as empresas, sabendo quanto consome em tempo real e adotando ajustes que podem ou não ser automatizados residencial, comercial e industrialmente”. Nesse sentido, ainda no campo dos exemplos, um ar-condicionado poderia ser ligado pouco antes de uma pessoa chegar em casa, a partir de um geolocalizador que, via internet, repasse essa informação à central de energia da casa. Poderá também ser desligado automaticamente, fazendo uso dessa mesma tecnologia, quando a pessoa sair de casa.

 

Distribuição de energia

 

A digitalização terá funcionalidades também na área de distribuição de energia. “Ela dispensará a ida de uma pessoa para fazer a medição do consumo de energia ou mesmo para fazer ligações ou religações. Tudo poderá ser feito de forma remota. Uma outra possibilidade é a de automatizar, com ajuda de inteligência artificial, a reconexão, de forma alternativa, do fornecimento de energia no caso de o transformador de um bairro apresentar problema” explicou Pires.

 

Energia elétrica, luz, interruptor
Mudanças podem reduzir despesas para o consumidor – Fernando Frazão/Agência Brasil

 

 

No campo industrial, sensores podem proporcionar, a qualquer processo produtivo, mais eficiência. Por exemplo, ao interromper, de forma imediata, a produção quando uma falha for detectada. “E, logo em seguida, retomar o quanto antes o processo produtivo de outras formas, com máquinas ligando e desligando a partir de decisões tomadas por inteligência artificial”, argumenta o diretor do MME ao detalhar situações em que a digitalização pode ser muito mais ampla do que propriamente uma relação entre consumidor e distribuidora.

 

Há também a expectativa de que, na medida em que uma frota de automóveis for se digitalizando e eletrificando, as baterias dos carros sirvam também de backup em situações de falta de energia nas residências, evitando que equipamentos vitais como respiradores ou mesmo geladeiras e freezers deixem de funcionar.

 

O que diz o estudo

 

O estudo divulgado pelo Ministério de Minas e Energia indica alguns desafios básicos, técnicos e de infraestrutura de rede, para que o Brasil avance na digitalização dos serviços oferecidos pelas companhias elétricas.

 

Um deles está relacionado à “necessidade de efetividade da comunicação entre o ponto de medição e a distribuidora [necessidade de um sistema bidirecional de comunicação, o gerenciamento deste sistema dentro do negócio de energia], e seus custos associados [quem pagará o investimento e como ele deve ser articulado entre as diversas possibilidades e players]”.

 

Outro desafio é o país promover uma “modernização regulatória e legal da concessão de distribuição de energia, para exigir, incentivar e monitorar a digitalização em toda a cadeia de negócios de energia”, de forma a evoluir o “status quo atual das condicionantes operacionais” das distribuidoras de energia, e oferecer “mais serviços e soluções energéticas, com modelos participativos e reconhecendo as interferências de novos mecanismos de comercialização da energia possivelmente infiltrados e competindo em sua cadeia de fornecimento”.

 

Segurança cibernética

 

O estudo apresenta, ainda, alguns riscos que devem ser levados em conta, de forma a evitar problemas como o mau uso dos dados obtidos dos clientes. A questão da confidencialidade de dados é algo a ser considerado, uma vez que “todo processo que se digitaliza, se torna também alvo”. “Precisamos ter cuidados com relação a isso. Trata-se de uma discussão pertinente que precisa ser trabalhada”, segundo o diretor, destacado pelo ministério para explicar o estudo que aborda o tema.

 

“Alguns exemplos e questões dessa mudança ficam como resultado desta análise: quanto da informação (e qual) deve ser armazenado em tempo real ou em tempos determinados, sobre o consumo e a qualidade da energia entregue para o cliente? O que fazer com essa informação para promover o relacionamento efetivo? Como garantir o uso dessa informação e a privacidade do cliente sobre o seu consumo – quais as restrições de uso das informações do cliente para ampliação de serviços pela concessionária? Como ampliar o relacionamento e garantir uma parceria efetiva entre o cliente e a concessionária, bem como a percepção do valor desse novo relacionamento? As respostas serão dadas pelos diversos agentes do processo, com parcimônia, pois dependem das estratégias assumidas por cada negócio, são regionalizadas e também precisam ser reguladas”, indicou.

 

Segundo a pesquisa, “o tratamento desses dados, em tempo real, o armazenamento em formato útil para agilidade de seu processamento e utilidade, a manutenção da informação para estratégias e tomada de decisões pelo cliente, pela concessionária de distribuição, pela sociedade, pelo regulador representam um grande desafio. A privacidade de dados individuais e coletivos deve ser exercitada e garantida, uma questão ainda em aberto no Brasil para o grande big data [conjunto de dados maior e mais complexo, especialmente de novas fontes de dados] gerado”.

 

“Se o consumidor for o eleito e respeitado como promotor do processo, novos horizontes serão conquistados em decorrência do arranjo inteligente da rede e dos novos negócios que podem ser gerados”, complementou.

 

Transição planejada e sistemática

 

Ainda segundo a pesquisa do MME, as mudanças propostas com rede elétrica inteligente, IoT e digitalização das redes são “culturalmente profundas para os players e para a sociedade”, demandando, portanto, repensar, testar e reorganizar os processos existentes e as situações de décadas de operação das redes de energia, das normas regulatórias e das leis.

 

“Espera-se que as concessionárias brasileiras de energia possam realizar a transição de forma planejada e sistemática, ampliando de forma gradual o conhecimento de seus clientes e de sua rede. Espera-se que o cliente seja também aculturado em suas responsabilidades e direitos e possa contribuir de forma inteligente para o negócio, como decisão da compra e efetivo estruturador da demanda”, conclui o estudo.

 

 

AGÊNCIA BRASIL

 

Procoop: Cresol prepara oferta de crédito do FCO e anuncia novas agências em MS

O secretário Jaime Verruck e o superintendente de Indústria Comércio e Serviços da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Bruno Bastos, reuniram-se nesta quinta-feira (25) com Mauri Picoli, diretor-Executivo da Cooperativa de Crédito Cresol e Olácio Komori, da diretoria da APOMS (Associação dos Produtores Orgânicos do Mato Grosso do Sul).

Na pauta, a oferta de recursos do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) por meio da Cresol e a ampliação da base de atuação da cooperativa, que em 2022 irá contar com agências em Itaporã (já a partir de janeiro), Maracaju, Dourados e Naviraí.

“A Cresol já está habilitada para operar os recursos do FCO e atua diretamente com o pequeno produtor e o pequeno empresário. Essa ampliação de sua base de atuação é fundamental para o setor e decorre da ação da Semagro, no âmbito do Procoop (Programa Estadual de Desenvolvimento e Fortalecimento do Cooperativismo no Mato Grosso do Sul”, comenta Jaime Verruck.