Emirados Árabes devem ser parceiros estratégicos do Brasil, diz presidente da CNI

 

Os Emirados Árabes Unidos representam uma oportunidade para expandir a presença brasileira no mercado internacional. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, afirmou que o empresariado brasileiro precisa conhecer melhor a infinidade de negócios que o Brasil pode realizar com o país da Península Arábica.

 


“Queremos promover a troca de experiências sobre modelos de negócios, tecnologias, e procedimentos para operações comerciais e de investimentos que possam, efetivamente, contribuir para o fortalecimento das relações do Brasil com os Emirados Árabes Unidos”, disse Andrade, durante a abertura do seminário Como fazer negócios com os Emirados Árabes Unidos, realizado ontem (14), em Dubai.

 


A CNI – com apoio de federações das indústrias, Ministério das Relações Exteriores, Apex-BrasilDubai Chamber e Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) – lidera uma missão prospectiva para os Emirados Árabes e que tem como pano de fundo a Expo Dubai 2020, a primeira Expo Mundial realizada no Oriente Médio e o maior evento já realizado no mundo árabe. A exposição abriu as portas em 1º de outubro, dura seis meses e reúne exibições de 192 países, onde cada nação apresenta o que há de melhor em cultura, arquitetura, tecnologia e engenharia.

 

Autoridades no seminário sobre negócios Brasil-Emirados Árabes

Maior missão empresarial brasileira para o mundo árabe

 

Mais de 300 empresários e executivos brasileiros de 230 indústrias e organizações participam entre, 13 e 19 de novembro, da maior missão de negócios brasileira já realizada na região. “Os Emirados Árabes Unidos devem ser parceiros estratégicos para os negócios brasileiros”, afirmou presidente da CNI.

 

Para Andrade, a retomada das relações comerciais e de investimentos após a pandemia da Covid-19 exigirá das empresas mais ousadia na construção de novas parcerias de negócios e criatividade na incorporação de soluções em um mundo cada vez mais digital. Além disso, as iniciativas comerciais estarão cada vez mais voltadas para as melhores práticas para um mundo mais sustentável.

 

O primeiro passo para proporcionar a troca de experiências e conhecimentos sobre como fortalecer as relações entre os países é estabelecer um ponto focal para o Brasil em relação ao mercado árabe.

 

“Os governos deverão estar comprometidos com a facilitação do ambiente de negócios, garantia de segurança jurídica nas operações comerciais e de investimento e uma visão estratégica de longo prazo para estabelecer redes”, comentou Andrade.

 

Emirados Árabes devem ser parceiros estratégicos para o Brasil, diz presidente da CNI

Emirados Árabes: um hub estratégico

 

O diretor presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, disse que os micros e pequenos empresários devem estar mais próximos dos Emirados Árabes Unidos. “Há muita oportunidade para os pequenos negócios por aqui, pois estamos inseridos em diversas cadeias produtivas. O pequeno negócio tem um papel de encadeamento muito importante”, comentou Melles. Ele ainda ressaltou que o povo árabe recebe os brasileiros com o coração.

 

Na sua fala, o diretor de Escritórios Internacionais da Dubai Chamber, Omar Khan, destacou que a América Latina é um mercado muito atraente, que merece atenção. “Da nossa parte, já estamos encorajando as empresas árabes a fazer negócio com os brasileiros”.

 

Khan disse que a Câmara oferece condições técnicas para que os empresários do Brasil consigam se relacionar e conhecer de perto as diversas oportunidades para exportar seus produtos para o mundo árabe e até mesmo para ouros países, já que Dubai funciona como um grande hub de distribuição de produtos.

 

Emirados Árabes devem ser parceiros estratégicos para o Brasil, diz presidente da CNI

Facilidades e atrativos para as empresas brasileiras

 

O presidente da Câmara Árabe Brasileira (CCAB), embaixador Osmar Chohfi, ressaltou que os EAU possuem incentivos fiscais e acordos de facilitação de investimentos. “Temos mais de 40 Zonas Francas, melhor acesso a mercados locais e oferecemos ótimas condições para as empresas se estruturarem. Damos suporte técnico e de equipe para as empresas que quiserem operar no mundo árabe”, observou Chohfi.

 

O Embaixador deu “uma dica” para quem quiser estreitar as relações comerciais. “É importante entender a cultura árabe. Isso é fundamental. Eles consomem o que há de melhor no mundo e estão atentos à sustentabilidade do produto”. Nos EAU, quem respeita o produto hallal – certificação de qualidade para produtos que respeitam o islamismo – é muito valorizado, um diferencial.

 

Emirados Árabes devem ser parceiros estratégicos para o Brasil, diz presidente da CNI

Internacionalizar é preciso

 

O presidente da Apex-Brasil, Augusto Pestana, afirma que internacionalizar é preciso. “O país como Brasil precisa se internacionalizar mais e estar aqui em Dubai, pela posição estratégica. A relação por aqui é de ganha ganha”, falou Pestana.

 

“Se aumentarmos nosso share em 0,1%, poderiam ser feitos negócios em cerca de US 6 bilhões”.  Nesse sentido, Pestana reafirmou que a Apex está pronta para dar suporte às empresas brasileiras para que consigam fazer negócios nos EAU.

 

Na sequência da abertura do dia da missão empresarial, o ex-presidente do Brasil Michel Temer falou aos empresários sobre as relações Brasil e Emirados Árabes.

 

Fonte: CNI

Respeito às tradições é estratégico em negociações no mercado árabe

 

Empresas brasileiras que queiram exportar para o mundo árabe devem dedicar atenção especial ao consumidor em questão. No caso dos Emirados Árabes, os possíveis parceiros comumente falam dois ou mais idiomas, prezam pela sustentabilidade dos produtos e têm uma forte bagagem internacional. Um olhar que leva em consideração as tradições islâmicas é considerado um diferencial nessas negociações.

 

A certificação Halal tem como base o conceito islâmico que diz que é possível consumir tudo o que é permitido por Deus. O selo é conferido a produtos manufaturados em um processo produtivo que respeita as tradições do islamismo. Para o presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Osmar Chohfi, a estratégia é fundamental no processo de negociação com o mundo árabe.

 

“É importante ter um posicionamento de marca que transmita respeito às tradições locais”, reforçou o embaixador, durante a abertura do seminário Como fazer negócios com os Emirados Árabes. O evento integra   a agenda de uma delegação de cerca de 300 empresários brasileiros na Expo 2020 Dubai.

 

Sangue árabe

 

O presidente da Câmara de Comércio Brasil-árabe, Osmar Chohfi, durante abertura do seminário empresarial Brasil-Emirados Árabes Unidos.
O  presidente  da  Câmara  de  Comércio  Árabe-Brasileira,  Osmar  Chohfi  –  Marcelo  Camargo/Agência  Brasil

 

 

Dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira indicam que cerca de 6% da população brasileira, algo em torno de 12 milhões de brasileiros, têm alguma participação do que Chohfi chama de sangue árabe. “Isso conta muito quando se vai fazer negócio com os países árabes”, afirmou Chohfi.

 

“Essas associações à imagem do Brasil são importantes nos seus esforços de marketing porque certamente terão influência na conquista de clientes e na simpatia deles por produtos e serviços. É importante desenvolver uma marca que está baseada nas peculiaridades das nossas tradições e naquilo que nós, brasileiros, somos”, completou.

 

Segundo o embaixador, na cultura negocial árabe, tão importante quanto efetivar a transação é constituir uma relação de confiança na parceria. Como nós, latinos, os árabes gostam da relação olho no olho. Os encontros presenciais, entretanto, ficaram fortemente comprometidos em meio à pandemia. “Agora que estamos retomando a normalidade, essa relação presencial e pessoal entre empresários, para os árabes, é muito importante”, concluiu.

 

Agência Brasil