Indústria sucroenergética de MS amplia em 3,5 vezes o volume de açúcar exportado em 2020

Mato Grosso do Sul ampliou em 3,5 vezes o volume de açúcar exportado no acumulado dos meses de janeiro a setembro de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019. Foram 171,41 mil toneladas de açúcar exportadas de janeiro a setembro de 2019 e 615,41 mil toneladas em 2020, conforme Nota Técnica sobre o Complexo da Cana elaborada pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).

 

“Nós acompanhamos o crescimento das exportações de acúcar em Mato Grosso do Sul, desde o início do ano. O setor sucroenergético foi um dos primeiros no Estado a firmar protocolo de biossegurança, ainda no mês de março, quando o Governo do Estado iniciou as ações junto ao setor produtivo para o enfrentamento à pandemia da Covid 19. As usinas mantiveram o nível de atividade desde então, preservando cerca de 10 mil empregos. A produção de açúcar ganhou espaço com as condições mais favoráveis do mercado externo e o resultado é o que temos observado mês a mês, com o aumento nas exportações desse produto”, comenta o secretário Jaime Verruck, da Semagro.

 

Os principais destinos das exportações de açúcar de Mato Grosso do Sul são a Argélia (16,68%), Canadá (14,77%) e China (10,07%). Em termos de evolução de janeiro a setembro de 2020, o resultado sul-mato-grossense aponta queda de posição como exportador de açúcar de quinto para sexto, mesmo com o aumento de 1,33% para 2,57% em 2020.

 

Setor fundamental para a economia verde de MS

 

Setor de destaque de Mato Grosso do Sul, o complexo da cana se destaca pela presença em vários municípios do Estado, representando 8% do PIB estadual e uma receita bruta de cerca de R$ 11 bilhões, considerando produção de cana, açúcar e produção de etanol (dados do IBGE, 2019). Juntos, os segmentos do campo e da indústria produzem cerca de 22 mil empregos, sendo 10 mil na fabricação de açúcar e álcool.

 

“A produção de cana cresceu 106% de 2009 a 2019 em Mato Grosso do Sul, com um incremento de cerca de 709 mil hectares de área plantada. As indústrias do setor têm grande importância para a economia sul-mato-grossense e, a exemplo de outros setores, têm contribuído com o Governo do Estado nesse período da pandemia, vide as doações feitas pela Biosul para a produção de álcool 70%”, lembra o secretário Jaime Verruck.

 

O titular da Semagro também ressalta a importância da produção de biocombustíveis, como o etanol, para a consolidação da economia verde em Mato Grosso do Sul. “Entendemos a relevância da cana e do biocombustível. Temos nos referenciado nessa questão e essa é uma área em que, estrategicamente, pretendemos ampliar a produção no Estado, avançando na geração de biogás e de outras linhas, para que, a partir do biocombustível, possamos fazer agregação de valor dentro do mercado. O Estado tem um potencial significativo para ampliar as suas atividades na questão do biocombustível”, afirmou.

 

 

Safra da cana em 2020/2021

 

Segundo os dados da Biosul (Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), a quantidade de cana-de-açúcar processada em Mato Grosso do Sul alcançou 35 milhões de toneladas até 30 de setembro de 2020, 6% menor comparada ao mesmo período da temporada anterior. A qualidade da matéria-prima, no entanto, aumentou em 5% alcançando 141,48 kg de Açúcares Totais Recuperáveis por Tonelada de Cana (ATR/TC).

 

De acordo com o acompanhamento da Safra 2020/2021, de abril até setembro, a produção de etanol somou 2,1 bilhões de litros. O volume é 19% menor com relação ao período no ano anterior. Desse total, 1,6 bilhão de litros são de hidratado (-24%) e 511 milhões de litros são de anidro (-1%). A produção de açúcar atingiu 1,3 milhão de toneladas, quantidade 107% maior com relação ao mesmo período do ano passado quando registrou 627 mil toneladas do adoçante.

 

Esses números, conforme a Biosul, são refletidos no mix de produção da safra com aumento de 112% na destinação da matéria-prima para o açúcar, que saltou de 14% para 29%, no comparativo com o último ciclo. Ainda assim, o percentual para a produção de etanol é de 71%, dentro da média esperada para o Estado.

 

“Os impactos da pandemia no mercado de combustíveis e as condições mais atrativas no mercado internacional do açúcar fez com que o perfil de produção no Estado se reajustasse. As unidades destinaram um pouco mais da cana para a produção do adoçante, mas ainda assim priorizam a produção de etanol”, explica o presidente da Biosul, Roberto Hollanda Filho, lembrando que na safra passada a produção de etanol no Estado foi acima da média.

 

Atualmente, todas as 18 unidades sucroenergéticas em operação no Estado produzem etanol, dessas dez são produtoras de açúcar.

Setor produtivo de Mato Grosso do Sul e embaixador da Bolívia tratam sobre parcerias

Em reunião ontem (15/10), em Campo Grande (MS), representantes da Fiems, Sebrae/MS, Famasul, Fecomércio-MS e Faems e o embaixador da Bolívia no Brasil, Wilfredo Rojo Parada, trataram sobre possíveis parcerias para alavancar o comércio entre o país vizinho e Mato Grosso do Sul. No encontro, realizado na sede do Sebrae/MS, o embaixador apresentou as potencialidades da Bolívia e elencou as áreas que poderiam gerar interesses do setor produtivo de Mato Grosso do Sul.

 

A vice-presidente da Fiems, Cláudia Pinedo Zottos Volpini, defendeu o estreitamento das relações comerciais entre Mato Grosso do Sul e Bolívia e colocou-se à disposição para melhorar o ambiente de negócios entre o Estado e o país vizinho. “Levantamento da Fiems, de tudo o que exportamos para a Bolívia, 13% são grãos e com certeza esses números podem melhorar. Por isso, estamos de portas abertas para novas reuniões para alinharmos as demandas dos empresários do setor industrial sul-mato-grossense e os da Bolívia para a construção de uma agenda conjunta”, afirmou.

 

Ainda durante a reunião, o diretor-superintendente do Sebrae/MS, Claudio Mendonça, apresentou o trabalho realizado pela instituição para fomentar as parcerias comerciais com os países vizinhos, como o “MS Sem Fronteiras”, que beneficiou mais de 2.500 empresas no Brasil, Bolívia e Paraguai, a partir de um convênio com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Somos uma instituição de apoio e já trabalhamos algum tempo atrás o MS Sem Fronteiras, criando estruturas de apoio para o desenvolvimento sustentável das empresas dos países vizinhos. O Sebrae coloca-se à disposição e podemos pensar em novas parcerias para robustecer nosso comércio”, disse.

 

O embaixador Wilfredo Rojo Parada ressaltou a importância de ações de desenvolvimento da fronteira e, principalmente, de melhorias nas questões logísticas. “Somos nações irmãs e a Bolívia tem com o Brasil uma fronteira de 3.759 quilômetros, sendo 1.200 quilômetros apenas com Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Acredito que precisamos trabalhar em conjunto para buscar mais desenvolvimento para os dois lados, estimulando o crescimento ainda maior do agronegócio e compartilhando conhecimentos em inovação e tecnologia”, destacou.

 

Na avaliação do secretário-adjunto da Semagro (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), Ricardo Senna, a reunião foi produtiva para alinhar os interesses em comum entre a Bolívia e o Estado. “Nos colocamos à disposição para ampliar a relação comercial entre Mato Grosso do Sul e Bolívia. O Governo do Estado fará o que for possível em relação às políticas de logística e infraestrutura. Temos muitas possibilidades de avançar no comércio entre os dois lados e impulsionar ainda mais o agronegócio”, salientou.