Da alquimia para indústria de cosméticos tipo exportação feitos em Campo Grande

 

A história da Ybá Cosméticos é uma dessas que te pegam desde o início. Surgida pela curiosidade da médica ginecologista Ana Helena, que em seu consultório descobriu o barbatimão através dos relatos de pacientes do campo. Elas usavam o vegetal em banhos de assentos medicinais para curar os mais diversos problemas ginecológicos.

 

As mulheres falavam das maravilhas do chá da casca de uma árvore que era usado no pós-partos, cicatrização e muito mais. As histórias intrigaram a médica que foi estudar o que era esse vegetal. “É uma árvore típica daqui da bacia do pantanal e do cerrado brasileiro e cuja a casca é rica em um composto químico que se chama tanino, e essa casca tem uma biodisponibilidade desse ativo muito grande que sob a pele, sob as mucosas, tem várias ações benéficas, como ação cicatrizante, bactericida, fungicida e até antiviral”, relata.

 

A partir daí surgiu a necessidade de oferecer esse produto tão cheio de benefícios para as mulheres no seu dia a dia, sem que elas tivessem que ir atrás da casca da árvore para fazer o chá e o banho de assento. A primeira ideia foi fazer um sabonete.  De início tudo era tudo muito simples, feito na própria casa da médica e “alquimista” Ana Helena.

 

Ela conta que a extração era feita de forma artesanal e misturada a base do sabonete, até que surgiu a ideia de crescer e transformar em negócio. “Eu falo que eu tinha uma adega de barbatimão em casa, porque para obter o extrato eu tinha que deixar em repouso, com proteção da luz, tudo… Eu brinco que fim de semana eu virava bruxa, porque era pedaço de pau, era caldeirão em banho maria, era vidro para cá, vidro para lá, enfim. Ao mesmo tempo, eu vislumbrava um produto que elas pudessem fazer uso diário. E qual seria a melhor forma? Aí aprendi como se faz um sabonete, comprei todas as coisas e acrescentei meu próprio extrato na base. De início eu dava os sabonetes para elas usarem e trazerem o feedback. Sempre voltavam querendo mais. Foi aí que resolvi transformar em negócio”, diz.

 

Neste momento, ela foi procurar meios para desenvolver o projeto. E foi na universidade que pode nascer enquanto empresa. “Eu tive toda uma orientação sobre negócio, sobre administração, sobre plano de negócio, sobre gestão. Porque muitas vezes somos bons tecnicamente, mas não temos essa expertise”, explica.

 

Junto aos cursos de Farmácia e Bioquímica foram desenvolvidos processos de forma industrial, com controle de qualidade. Já com o pessoal da Agronomia criaram uma cadeia produtiva que pode dar sustentação ao negócio. “A minha preocupação sempre foi a cadeia produtiva, porque eu dependo de uma matéria de origem vegetal, se eu não tiver a casca eu não tenho o meu produto”, explica.

 

Foi aí que a AMAM – Associação de Mulheres do Assentamento Manjolinho, de Anastácio-MS – entraram para o projeto. O grupo que já trabalhava com frutos do Cerrado passou a ser parceiro da iniciativa. Foi feito o georreferenciamento da população de árvores locais, desenvolvido um manual de boas práticas, doado ferramentas, e tudo organizado para as mulheres poderem identificar as árvores fazerem a extração de forma correta e sustentável.

 

Hoje, a pequena indústria de cosméticos, que começou a funcionar em 70 m² na Incubadora Estrela Dalva está crescendo e sonha em chegar a novos mercados na América Latina. Através da participação de um edital, orientado pelos servidores da incubadora, a empresa foi contemplada com um terreno para poder construir a planta fabril definitiva.

 

Para Ana, essas orientações sobre editais é um entre tantos benefícios que os incubados têm acesso. “A incubadora está sempre nos alertando sobre tudo o que sai, sobre como participar, como buscar investimentos, como fazer os projetos, inclusive a participação em áreas de exportação, como fazer parte disso, como habilitar a empresa. Tudo isso temos apoio”, relata.

 

Os incubados, além de estar fisicamente em um lugar onde tem todo esse respaldo, toda essa retaguarda, têm a oportunidade de nascer e dar os primeiros passos dentro de uma estrutura de empresas que dá a chance de sobrevida e de crescimento muito maior.

 

Para se ter uma ideia, de acordo com o IBGE cerca de 46% dos empresários não se preparam para abrir o próprio negócio, como por exemplo, não fazem um levantamento das informações importantes sobre o mercado que desejam atuar, as necessidades básicas que precisarão antes de iniciar as atividades, o capital de giro e outras informações que levam ao insucesso. O resultado é que cerca de 60% das empresas fecham em até 5 anos após serem abertas.

 

“Eu compreendo que a incubadora de empresas tem um papel fundamental. Então, nós podermos contar com esse tipo de apoio enquanto somos pequenos e inexperientes é essencial. Na Prefeitura nós podemos tanto ter uma assessoria técnica para nós refazermos nosso plano de trabalho”, diz Ana Helena.

 

Para ela, outra vantagem de ser incubada é a facilidade nos processos burocráticos. “A gente é muita agradecida por estar dentro de um espaço caracterizado como uma incubadora de empresas, isso facilita muito. A indústria de cosméticos e insumos requer uma série de licenças, tanto em nível municipal quanto estadual e federal”, enumera.

 

“Fazer parte da incubadora de empresas da Prefeitura de Campo Grande, foi e é bastante importante no processo de desenvolvimento da Ybá Cosméticos. O empreendimento não apenas nasce, ele tem que sobreviver, e de preferência crescer. Esse processo de sobrevivência das empresas e crescimento requer apoio e acompanhamento”, finaliza.

 

A linha de cosméticos que começou com o sabonete em barra feito artesanalmente pela própria médica e entregue de graça para as pacientes, hoje está completa, e tem ao seu lado, sabonete líquido feminino, sabonete facial, xampú, chá para banho de assento e até argila para esfoliação facial.

 

Você quer ser um incubado?

 

Fica atento às nossas redes sociais. O edital de 2023 será lançado em fevereiro e ficará aberto continuamente até novembro de 2023. Conforme for a demanda dos empreendedores e das ideias serão realizadas as bancas avaliativas. Todo acesso será pelo site da Sidagro na página das incubadoras.

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