Exportadores brasileiros relatam impactos do novo sistema argentino de importação

 

As recentes medidas adotadas pela Argentina nas operações de importação provocaram forte impacto nas vendas brasileiras para o país. Como tentativa de implementar um sistema de maior controle da cadeia de abastecimento e monitoramento das operações de comércio exterior, o governo argentino adotou o Sistema de Importações da República da Argentina (SIRA), em vigor desde outubro de 2022. O novo modelo restringiu a concessão de licenças não automáticas (LNAs) e o acesso ao mercado de câmbio.

 

 

Com novas medidas, lista de produtos sujeitos às licenças não automáticas aumentou

 

Com a entrada em vigor do novo sistema, a lista de mercadorias sujeitas às licenças não automáticas saltou de 1.474, no início de 2020, para 4.193, no final de 2022 – e 99% dos produtos são da indústria de transformação. Considerando os dados de comércio do ano passado, 59% do valor total das exportações brasileiras à Argentina foram expostos a essa medida.

 

Questionados sobre o principal problema relacionado às licenças não automáticas, 82% dos exportadores consultados que tiveram impacto negativo nas operações indicaram a demora na aprovação. O segundo problema, apontado por 55% das empresas, foi a falta de transparência e critérios para aprovação. Em terceiro lugar foi listado o problema de excesso de burocracia, com solicitação de informações, documentos e formulários adicionais – assinalado por 44% dos exportadores.

 

Das empresas que informaram ter sofrido impacto negativo nas operações de exportação, 51% indicaram que o tempo médio para a aprovação das licenças não automáticas supera os 60 dias. Somente 14% das empresas apontaram um tempo médio de até 30 dias.

 

Prazo para pagamento de importações é um dos principais problemas nas operações

 

As novas restrições para importação na Argentina incluem também a aprovação do Banco Central da República da Argentina (BCRA) para pagamento dos produtos que entram no país. Em relação a esse processo, os três principais problemas apontados pelos exportadores consultados são os prazos para pagamento muito longos (79%), a burocracia para a liberação de divisas, mesmo após cumprimento do prazo estabelecido (55%), e a alteração e extensão de prazos após aprovação do SIRA (42%).

 

Além disso, 68% das empresas consultadas indicaram dificuldade no pagamento, independentemente da modalidade usada nas operações.

 

Imprevisibilidade no fechamento de negócios foi apontado como problema mais crítico

 

A consulta com empresários avaliou também o impacto das mudanças do SIRA nos negócios dos exportadores brasileiros. Em relação a este fator, o principal problema apontado pelos consultados no período de seis meses foi a imprevisibilidade no fechamento de negócios (86%), seguido pela perda de oportunidades, com clientes que deixam de comprar (81%), e pela perda de oportunidades, com clientes que cancelam pedidos (47%).

 

 

Fonte: CNI

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