Perdeu o controle das dívidas? O NAC Responde como sair do negativo

 

Extrapolou nos gastos no final de 2023 e agora está endividado? Na rotina empresarial, há dívidas que são comuns, por exemplo a compra a prazo de uma máquina para a fabricação de produtos que vão contribuir para o crescimento do negócio. Situações adversas, como quedas no faturamento e falta de gestão de recursos, podem resultar em dificuldades financeiras e, consequentemente, no endividamento.

 

Em setembro de 2023, o Brasil registrou 6,6 milhões de empresas com 47,10 milhões de dívidas, totalizando R$ 122,2 bilhões, segundo a Serasa. Desse universo, 5,882 milhões são micros e pequenas empresas, que acumulam 40,3 milhões de dívidas, um total de R$ 98,1 bilhões.

 

A empresa está endividada quando os débitos ultrapassam a capacidade de pagamento por falta de recursos e o empresário não consegue cumprir obrigações financeiras. Isso pode ser causado por vários fatores, como excesso de dívidas, baixo desempenho operacional, problemas de gestão, impactos econômicos adversos ou mudanças no mercado.

 


“Apesar de a palavra soar mal, o endividamento pode ser uma ferramenta estratégica para alavancar o crescimento e o desenvolvimento das empresas quando utilizado de forma consciente e planejada, mas é fundamental que as empresas avaliem cuidadosamente os custos e os riscos associados, bem como sua capacidade de gerar retorno sobre os investimentos realizados”, explicou o analista do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) de Minas Gerais, Thiago de Assis Gonzaga.


 

No NAC Responde deste mês, o especialista responde questões sobre os tipos de endividamento, o que pagar primeiro, se é possível solicitar crédito estando endividado, entre outras dúvidas. Confira:

Quais são os tipos de endividamento que existem?

 

O endividamento pode ser classificado como sustentável ou insustentável.

  • Endividamento sustentável é a capacidade de uma empresa de gerenciar as dívidas de forma responsável e equilibrada, garantindo que os níveis de endividamento não comprometam a capacidade de pagamento ou de investimento em projetos estratégicos. É manter um equilíbrio entre os recursos financeiros obtidos por meio de empréstimos e a capacidade da empresa de honrar esses compromissos, seja a curto, médio ou longo prazo.

  • Endividamento insustentável ocorre quando as dívidas ultrapassam a capacidade de pagamento e impacta negativamente a saúde financeira da empresa e a credibilidade no mercado, limitando a capacidade de investimento e crescimento.

 

O endividamento pode ser uma ferramenta estratégica para alavancar o crescimento e desenvolvimento das empresas quando utilizado de forma consciente e planejada, viabilizando investimentos em expansão, inovação e modernização, contribuindo para a competitividade e solidez no mercado.

 

No entanto, é fundamental que as empresas avaliem cuidadosamente os custos e os riscos associados, bem como sua capacidade de produzir retorno sobre os investimentos realizados, a fim de garantir que o endividamento contribua efetivamente para o fortalecimento do negócio.

 

Quais dívidas devo pagar primeiro para sair dessa situação?

 

É crucial adotar uma abordagem estratégica. Comece pagando dívidas com taxas de juros mais altas, seguidas por dívidas de curto prazo, como empréstimos bancários e faturas atrasadas, devido ao impacto imediato na saúde financeira. Considere também dívidas de médio e longo prazo na estratégia, ponderando não apenas o valor, mas o impacto financeiro imediato e a longo prazo.

 

É possível solicitar crédito estando endividado?

 

Sim, é possível buscar crédito, entretanto, a aprovação para tal está sujeita a uma análise criteriosa por parte das instituições financeiras.

 

Caso a empresa apresente um plano robusto para quitar as dívidas existentes e demonstre capacidade de pagamento, algumas instituições podem considerar a concessão de novos créditos, embora a obtenção de empréstimos em situações de endividamento seja frequentemente marcada pelo desafio de custos – taxas de juros – mais elevados devido ao risco associado de inadimplência.

 

Existem linhas de crédito para solucionar o endividamento?

Sim, existem linhas, programas e modalidades de créditos que podem apoiar as empresas a regularizarem as dívidas com condições mais favoráveis, como taxas de juros mais baixas e prazos de pagamento mais flexíveis conforme alguns exemplos abaixo.

 

  • Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe): criado para oferecer crédito para micros e pequenas empresas com condições vantajosas, como taxas de juros reduzidas e prazos de pagamento mais longos.
  • Antecipação de recebíveis: modalidade de crédito oferecida pelo sistema financeiro que consiste no adiantamento do prazo de recebimento da venda de produtos e serviços.
  • Repactuação: possibilita a prorrogação das parcelas do contrato, podendo ou não ser alterada a taxa de juros.

 

  • Refinanciamento: consiste em uma nova operação de crédito em substituição a um contrato em aberto, onde serão estabelecidas novas condições de crédito.

  • Empréstimos com garantia de imóvel ou veículo: neste tipo de operação de crédito o bem fica alienado e o tomador recebe um percentual do valor do bem.

  • Portabilidade: trata-se da migração de uma operação de crédito de uma instituição financeira para outra, em condições mais favoráveis.

 

 

Existem diversas opções de linhas de crédito disponíveis, e, por isso, sugerimos que os empresários entrem em contato com o agente de crédito do banco que utiliza, pois ele poderá orientar sobre a solução mais adequada.

 

O que o NAC recomenda para uma empresa sair ou evitar um endividamento?

 

As principais dicas do especialista do Núcleo de Acesso ao Crédito são:

 

  • Evitar ao máximo que a empresa e os sócios com endividamento elevados, passem para a situação de inadimplência e com isto sejam incluídos nos cadastros de proteções ao crédito. Eventuais apontamentos cadastrais restringem o crédito das empresas no sistema financeiro, assim como faz com que fornecedores deixem de oferecer prazos de pagamento de matérias primas.

  • Manter um controle rigoroso das finanças, acompanhando receitas, despesas e fluxo de caixa.

  • Desenvolver um plano de negócios sólido com metas financeiras realistas.

  • Analisar o risco do negócio para estar preparado para enfrentar imprevistos.

  • Caso a empresa já esteja endividada, negociar com os credores para reestruturar pagamentos ou buscar condições mais favoráveis.

  • Fazer investimentos com base em análises sólidas, evite decisões precipitadas.

  • Realizar revisões periódicas no desempenho financeiro e ajustar as estratégias conforme necessário.

  • Não misturar as contas da empresa com as dos sócios. A empresa tem compromissos próprios com fornecedores, clientes, obrigações legais e pagamento de funcionários e pró-labore dos sócios. As despesas dos sócios e familiares devem ser supridas com as retiradas legais, caso contrário comprometerá a saúde financeira da empresa.

  • Os custos de produção e preços de venda dos produtos devem estar adequados para que a empresa mantenha a sua margem de lucro e assegurar o seu vigor.

  • No caso de endividamento elevado é necessária a tomada de medidas rigorosas para manter ativa a empresa, como reduzir o tamanho do negócio, corte de consumo supérfluos, venda de estoques obsoletos e, se necessário, corte de pessoal.

  • Cuidar para que os credores tenham a percepção de que o endividamento é circunstancial e que a empresa está tomando as medidas para superar o endividamento.

  • Consultar profissionais financeiros para receber uma orientação especializada.

 

Tem dúvidas? O NAC Responde!

 

Todo mês, o NAC Responde, produzido pela Agência de Notícias da Indústria, responde as dúvidas mais frequentes de empresários e gestores na hora de buscar crédito para os negócios.

 


“Por meio das orientações, o NAC facilita o acesso ao crédito de micros, pequenas e médias empresas industriais. O crédito é essencial para o funcionamento das empresas, seja para viabilizar novos investimentos ou para atender às necessidades rotineiras de caixa”, pontua o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra.


 

Desde 2015, o NAC, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), assessora MPEs industriais sobre as linhas de crédito disponíveis no mercado, dando suporte com informações sobre documentação, taxas de juros, garantias, número de parcelas, itens financiáveis, entre outras.

 

Saiba mais pelo site do Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) ou entre em contato com a federação das indústrias do seu estado.

 

 

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