Lugar de mulher é na indústria: A motorista que personalizou a betoneira onde trabalha

 

Para começar o mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Sistema FIEMS foi atrás de mulheres que fazem a diferença na indústria. Uma deles é Lidiane da Silva, que dirige pelas ruas de Campo Grande uma betoneira rosa-choque. Aliás, betoneira não, “batoneira” – apelido carinhoso que surgiu da junção de betoneira com batom.

 

Lidiane tem 43 anos e é motorista profissional com habilitação categoria “D” para conduzir caminhões, tratores e outros veículos. Há cinco meses, trabalha na Concreteira Bramix, atendendo canteiros de obras com concreto pronto na capital sul-mato-grossense. Ela conta que a paixão por caminhões vem desde a infância, por influência da família. “Meu pai é motorista, e eu fui criada praticamente dentro da cabine do caminhão. Sempre que podia, eu estava na estrada com meu pai, e toda vez que podia, eu pegava o caminhão. Acho que daí que surgiu todo esse amor que eu tenho”.

 

Apesar de Lidiane ter conquistado por méritos próprios seu espaço profissional, não são raras as vezes que enfrenta desconfiança, preconceito e machismo em um universo tão masculino. Mulheres representam apenas 0,5% do total de caminhoneiros do país, segundo estimativa da CNT (Confederação Nacional do Transporte). “Já escutei muitos questionamentos, como ‘seu lugar não é esse, ‘o que você está fazendo aqui?’. Alguns param para ver se eu vou conseguir estacionar o caminhão, se vou conseguir colocar na posição certa. Os que estão mais próximos de mim são os que mais criticam. Mas como eu gosto dessa profissão e é algo que vem do coração, então eu sigo em frente”.

 

Lidiane não se intimida com os olhares atravessados e exerce a profissão com orgulho. Os colegas de trabalho e o patrão reconhecem a competência dela na função, algo que a faz se sentir acolhida na empresa. “Ela é bastante dedicada, a gente percebe que o acabamento do trabalho é mais caprichoso”, conta o diretor da empresa, Paulo Honório.

 

Foi ele quem teve a ideia de personalizar o caminhão com a pintura rosa-choque, após procurar por quase dois anos uma motorista para ocupar a cabine. A propósito, também foi Paulo Honório quem apelidou o veículo de batoneira. “Todo mundo pode ter um caminhão rosa, mas só nós temos a ‘batoneira’”, diz o diretor.

 

Quando convidada a refletir sobre o papel da mulher no mundo do trabalho, Lidiane é taxativa: “Lugar de mulher é onde ela quiser. O céu é o limite”. Ela aproveita a data para deixar uma mensagem de empoderamento a todas as mulheres. “Não deixem ninguém te segurar. Vá em frente, mesmo que você escute inúmeros nãos. Vá em frente, siga o seu sonho, procure os seus objetivos, não olhe para trás, porque se você olhar para trás, você volta. Um passo de cada vez. Você consegue”, finaliza.

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